terça-feira, 29 de março de 2016

A profissão Psicologia Clínica e as possibilidades.


É possível viver de clínica? Quem nunca se fez esta pergunta? Quem nunca ouviu esta pergunta de um colega?
Vim aqui para dizer que sim, é possível viver de clínica. Me formei em 2002 e desde então minha única fonte de renda é a clinica.
Ainda no primeiro ano da faculdade ouvi do professor de ética, então diretor da faculdade, que atendimento clínico é o filét mion da profissão e que é impossível viver de filet mion, precisamos do arroz e do feijão. Desmotivador. Sei que todos ou a grande maioria dos estudantes de Psicologia ouviram coisas similares, desmotivados foram para outras áreas de atuação, muitos com a doce ilusão de conciliar oura área com atendimento clinico.
Conheço pessoas que estão na área organizacional e com grandes frustrações, pois o desejo é ter uma clinica, ou um local em que pudesse atuar e clinicar. Conciliar emprego CLT com consultório é possível, porém bastante difícil. Quando estamos em uma área, temos que estudar, ler, especializar-se;  fazer o mesmo para duas áreas distintas é quase impossível, além de ter que conciliar profissão com vida pessoal. Normalmente segue-se uma ou outra área de atuação, claro que existem as exceções. Mas o comum é seguir apenas uma área.
Escolhi seguir a área clinica e sou feliz com minha profissão e com minha escolha, amo meu consultório, amo os resultados que vejo em meus clientes/pacientes. É gratificante ver pessoas saírem de suas crises, da dor e do sofrimento e retomar a vida.
Também vim aqui compartilhar um pouco do meu caminho: uma caminho nada convencional.
Após me formar fui fazer um curso de Hipnose, esta ferramenta é reconhecida e aceita pelo CRP como ferramenta do Psicólogo. Fiz a Hipnose de Milton Erickson, que é um método bastante humano de trabalhar com a hipnose. Neste curso aprendi que a relação paciente/terapeuta não precisa ser tão quadrada e rígida como nos ensina a faculdade; o papel das universidades e de nossos professores é nos ensinar as teorias da forma mais fidedigna possível, mas lá fora, podemos dar uma arredondada, podemos dar nossa carinha para o nosso trabalho e assim comecei a construir um caminho.
Utilizo a hipnose nos atendimentos, quando necessário, a hipnose é uma ferramenta de solução, tenho a base da psicanálise, assim identifico nas sessões quais as possíveis causas de uma neurose ou conflito do paciente e com esta ferramenta faço uma incisão. Por exemplo: se os conflitos do paciente foi gerado por uma fala do pai na infância, é possível fazer uma regressão, ir até aquele momento da infância e dar um novo significado para aquele momento. Com novo significado, novas experiências e nova vida.
Após terminar o curso de Hipnose fui convidada para fazer um curso de Programação Neurolinguistica, que nasce da Hipnose, vem dos conceitos de Milton Erickson, a diferença é que são técnicas realizadas de forma ativa, exercícios simples que contribuem para que o cliente possa dar novos sentidos ao seu passado, aos traumas, as dores, as vivencias negativas.
Algum tempo depois fui apresentada ao método inovador Constelação Familiar desenvolvida pelo Alemão Bert Hellinger, ao qual estou envolvida e desenvolvendo um livro para mostrar que nas Constelações encontramos conceitos da psicanálise, linguagem da hipnose, com base também na teoria sistêmica familiar.
Este caminho me trouxe resultados junto aos clientes, tornando a psicoterapia breve e focal. Nos dias atuais poucas pessoas têm tempo e dinheiro para investir em terapias de longo prazo, quando digo longo considero 5 a 10 anos. Terapia breve, pode durar de três meses a três anos, depende do cliente, se vem com uma questão para ser resolvida ou se quer passar pelo processo de auto-conhecimento e se permite ficar por mais tempo. 
O que me leva a manter agenda cheia é a forma que desenvolvi de atendimento, com utilização das técnicas e recebo muitos pacientes que foram indicados por colegas de profissão. Além de indicações dos próprios pacientes.
Entendendo a utilização das técnicas dentro da psicoterapia:
Caso 1: uma jovem, junto ao seu pai me procurou porque queria fazer hipnose para emagrecer. Na primeira sessão observei o auto nível de ansiedade e agressividade que  apresentava.
Proposta: realizar a psicoterapia e dentro do processo iria aplicando a hipnose ou PNL; considerando sua ansiedade, se iniciasse com hipnose para diminuir a fome ou comportamento de comer, ela poderia desenvolver outros sintomas até mais prejudiciais. Só faria o trabalho se concordassem com este caminho.
Resultado: o pai me parabenizou e relatou que a filha não  faria a terapia se eu dissesse que iria fazer a hipnose e ela iria emagrecer de imediato.

Caso 2: a cliente, de aproximadamente 45 anos de idade me procurou para fazer hipnose e diminuir as dores que sente no corpo. Relata que sua amiga sentia dores e em duas sessões de hipnose foram sanadas e ela queria fazer o mesmo.
Proposta: realizar a psicoterapia e dentro do processo iria aplicando a hipnose ou PNL, se naquele momento iniciasse com hipnose para diminuir as dores poderia desenvolver outros sintomas até mais prejudiciais. Só faria o trabalho se concordasse com este caminho. Neste caso não dispensaria o acompanhamento médico.
Resultado: a cliente relata que só quer diminuir a dor e não fazer terapia. Deixei claro que não atuo assim, pois está fora da minha ética profissional, infelizmente não poderia atende-la e ela se foi.
As técnicas são utilizadas para atender as necessidades dos pacientes, portanto dentro de um processo terapêutico, seguindo os conceitos éticos que nos cabe enquanto psicólogos.
Outro caminho que encontrei e me ajuda a manter  agenda cheia é escrever. Tenho bastante facilidade em escrever e o faço com prazer. Desenvolvi um blog e sempre que me vem alguma inspiração, lá estou eu escrevendo algum artigo. Utilizo as redes sociais para apresentar meus artigos e já fui convidada a participar de programas de TV, rádios e artigos em revistas, os próximos serão publicados na revista Psicologia da editora Mythos, a convite da própria revista.
Durante todos estes anos venho estudando, de 1998 quando iniciei a faculdade até 2015, estive em algum curso. Fiz diversos que contribuíram para o meu amadurecimento profissional.
Hoje estou do outro lado, ministro um Curso de Práticas para Psicoterapia Pontual: Hipnose, Constelação e Programação Neurolinguística.

Outro conflito que vejo nos colegas é sobre preços, mas vou deixar este tema para uma novo artigo.

Deixo aqui o endereço do site para maiores informações sobre os métodos, no blog também têm artigos sobre Hipnose e sobre Constelação. Coloco-me a disposição para conversar e contribuir com os colegas neste  caminho  que pode não ser fácil, mas é maravilhoso. 


Cristina S. Souza- Psicóloga – CRP 06-71699


Contato: F: 11 99361-8423       email: uilcris@hotmail.com

http://www.espacocrescerpsicologia.com/

terça-feira, 15 de março de 2016

Que dor é essa? Perder os genitores nunca é fácil.

Que dor é essa?  Perder os genitores nunca é fácil.

Quando perdi meu pai sofri tanto que entrei em um processo, que hoje sei, era depressão. Meu desejo? Morrer junto com ele. Entendi aquela dor pois ainda era uma menina, 21 anos, solteira, morava com eles, sendo assim nada mais natural que sofrer desesperadamente.
Mas ao ser independente, ter uma família constituída, ter uma profissão e uma carreira ascendente, vivi-se a morte de uma forma mais natural, certo? ERRADO. Era assim que eu imaginava, quando minha mãezinha partisse. Mas não está sendo.

25 anos depois que meu pai se foi, hoje a dor por perde-la é muito grande, uma dor que dilacera a alma, que faz doer todos os nervos do corpo, que tira energia de viver, que faz a vida ficar triste. Uma dor que nem mesmo tenho vontade de superar, a mesma vontade da menina, ir embora junto.
Sei que vai passar, sei que o tempo cura tudo e ficarão as doces lembranças e a saudade. Mas minha reflexão é sobre esta dor que racionalmente não deveria ser assim.
Minha mãe com 80 anos, já cansada, com saúde debilitada com dores na coluna e no joelho, sem contar pressão alta e diabetes; tudo sobre controle mas mostrava-se cansada. Mulher de muita fé, pedia a Deus que a levasse antes que ficasse em uma cama dependente de cuidados e pedia que Deus em sua infinita misericórdia a levasse sem sofrimento, e assim foi. Então se tudo foi como ela queria, porque esta dor?
Ela dependia de nossa ajuda para alguns movimentos como compras, médicos, etc. e nós, filhos em nada dependia dela, então se somos adultos, independentes, com famílias, porque essa dor?
Sempre falei o quanto a amava e principalmente o quanto a admirava, agradecia por tudo que ela me ensinou e dizia-lhe que sou o que sou porque ela é a minha musa inspiradora, não deixei de falar e nem de fazer nada, então não é culpa. Porque esta dor?

Ficar órfã(o) é um processo muito dolorido
Conversando com amigos, terapia e irmão cheguei a esta conclusão. No momento em que soube de sua partida abriu-se um enorme vazio na minha alma, também me tiraram o chão e assim estou já há alguns dias. Já não tinha mais o meu pai e agora não tenho minha mãe. A sensação é que não tenho mais ninguém.

Racionalmente não faz sentido eu sei, tenho irmãos, marido, filhas e até neto; tenho tias, primos e amigos maravilhosos, mas emocionalmente é assim que parece, estou sozinha no mundo.
Sou muito questionadora e reflexiva, em meus pensamentos justifico que: os irmãos seguem suas vidas, com suas famílias e é assim que deve ser mesmo; os filhos nasceram para o mundo e a vida continua: escola, cursos, passeios, amigos... e é assim que tem que ser. Marido/esposa, por mais que sinta, não tem a noção do que é ficar órfão, a menos que tenha passado por isso. Enfim... é verdade, não tenho mais ninguém, o meu pai se foi e a minha mãe se foi. Esta é a grande dor. Quem vai conversar comigo? Dar broncas? Rir? Fazercompras? Fazer “fofocas”? Comentar sobre as novelas e fazer tricôt? Ninguém. Estou sozinha sem mãe e sem pai.
Sendo assim preciso mesmo de um tempo para me reequilibrar e reencontrar um chão seguro, aquele que vou reconstruir com meus próprios tijolos. Os carinhos e atenções que recebo são muito bem vindos e ajudam, mas quem precisa estruturar este novo chão sou eu mesma.
É assim que é ficar órfã. Mesmo sendo adulta.

Como seria se?
Como seria se eu sentisse culpa pelo que não falei ou pelo que não fiz?
Como seria se guardasse mágoas e raivas?
Como seria se não tivesse ficado tanto tempo junto, perto.
Como seria se não a olhasse vendo o seu melhor?
De certo seria muito pior.
Então você que ainda tem sua mamãe e/ou seu papai, reveja esta relação. O amor que sente é maior que as mágoas? Você os trata com a paciência que eles merecem? Fala de seu amor por eles? É presente em suas vidas?
Se algumas das respostas for não, reveja antes que seja tarde. Alguns filhos têm dificuldades em falar que ama, abraçar, elogiar, etc. se não consegue, experimente escrever, faça uma carta de amor e entregue a eles. Quanto ao restante, se não consegue perdoar sozinho, ter paciência, procure ajuda. ANTES QUE SEJA TARDE.

*Abro aqui um parênteses e deixo minha profunda gratidão à Bert hellinger, autor das constelações familiares, pois tudo estava em ordem quando ela se foi, mesmo ninguém dos irmãos sabendo do que estou falando, conseguimos por em ordem e assim a vida fluiu como tinha que ser.
E agora sigo com minha alma dilacerada, vou juntando os caquinhos e construindo um novo chão, que seja firme para eu pisar.


Por Cristina S Souza – filha