Bela, recatada e do LAR
Hoje acordei refletindo sobre
este tema que na semana passada incomodou tantas mulheres. Tudo que nos
incomoda é por ter um fundo de verdade que não queremos ver.
Por um lado temos mulheres
fortes, determinadas, guerreiras; mulheres que desbravam o mercado de trabalho
e financeiro, mulheres que além de profissionais são mães, donas de casa,
esposas e ainda conseguem ser belas em sua essência. Mulheres provedoras de
seus lares e orgulhosas de seus feitos.
Mas por outro lado temos mulheres
cansadas de suas lutas diárias, mulheres que sofrem por ter de deixar seus
bebês e filhos pequenos em casa ou em escolinhas, para irem para o mercado de
trabalho, mulheres que perdem a convivência com seus filhos adolescentes por
ter que pagar suas escolas, seus convênios médicos, comprar seus aparelhos eletrônicos
de ultima geração; mulheres que chegam esgotadas e não conseguem ser femininas,
não conseguem abrir um espaço para sua vida sexual.
Fico refletindo e não é uma
verdade absoluta, mas o quanto da nossa essência é ficar sim em casa, cuidar,
limpar, organizar, ficar com os filhos, fazer nossos alimentos e ter paz,
sabendo que alguém irá prover todas as necessidades.
Comparo minha mãe com a mãe de uma
amiga, ambas com 80 anos: a minha trabalhou a vida inteira, sentia muitas dores no joelho, tinha diabetes
e pressão alta, mas apesar de viver de bem com a vida, parecia que tinha um
peso ou uma amargura que só era perceptível em seu silêncio e em seu olhar que às
vezes se perdia no nada. A mãe da minha amiga, com a mesma idade, parece ter
uma alegria de viver, uma molecagem saudável e boa de ver, uma criança interior
que foi preservada por ser poupada do inferno que é o mercado de trabalho.
Não que todas as mulheres que
trabalham adoecem e todas que ficam em casa são felizes, sabemos que muitas de
nós nos realizamos com nossas conquistas profissionais e muitas que estão em
casa parece não ter sentido na vida e até se transformam em mães amargas e
punitivas. Este texto é uma reflexão sobre a nossa essência, sim somos o sexo
frágil, mas lutamos contra isso; somos meninas e vestimos roupas de meninos e
vamos à luta.
Sei que muitas me julgarão por
este olhar, mas quando se sentir cansada de tantas lutas lembre-se que estamos
remando contra a maré, estamos em caminhos duros demais para nós e sim somos guerreiras
porque vamos adiante e vencemos nossas batalhas.
Bert Henllinger, psicanalista e filosofo
Alemão, relata em seus workshops que a função do homem é estar a serviço da
mulher e dos filhos enquanto pequenos, mas nós permitimos isso? Que nossos
parceiros se coloquem a nosso serviço ou nós nos colocamos a serviço deles? Porque
além de tudo os tratamos como inferior a nós, pois além de trabalhar, somos
mães, donas de casa, esposas e ainda sobra um tempinho para sermos filhas,
amigas, irmãs, etc.
Sim às vezes tudo isso cansa. Nesses
momentos seria bom ser bela, recatada e do lar? Muitas vezes desejei isso,
outras não.
Para refletir.
Por Cristina S. Souza – Psicóloga Clinica e Facilitadora em
Constelações Sistêmicas