segunda-feira, 23 de maio de 2011

RELACIONAMENTOS E SEUS FANTASMAS

Certa vez me perguntaram: _ Cris, como você explica o fato do homem, não querer casar?
Foi uma pergunta bem direta, parei para refletir e vieram em minha mente outras questões:
_ Porque as pessoas se separam?
_ Porque viúvos e separados não casam novamente?
_ Porque filhos saem da casa dos pais e moram sozinhos?
Cada questão desta daria um longo estudo.
Porém, a grosso modo vamos pensar como um todo, e para refletir sobre este todo faço um novo questionamento: _ O que faz com que os relacionamentos se tornem vazios e as pessoas se isolem cada vez mais umas das outras?
Levanto então três possibilidades:  
·         Medo
·          Valores
·          Busca de prazer
As pessoas sentem medo de sofrer, não confiam uma nas outras,
_” Prefiro ficar sozinha a correr o risco de sofrer"; relato comum de pessoas que já passaram por frustrações em relacionamentos. 

Casais não convivem bem, não se suportam;
_“Ele não faz nada em casa, nem me elogia”. queixa comum entre as mulheres. 

Pais não confiam em seus filhos e vice versa. (drogas, AIDS, gravidez precoce são fantasmas nestas relações);

Homens não confiam em mulheres, (estas estão “liberais” e independentes demais);

Mulheres não confiam nos homens, (estes não têm atitudes e postura).  

E assim os relacionamentos vão se tornando caóticos.
Este caos vem acontecendo porque as pessoas estão perdendo seus valores, ético e moral, hoje tudo pode, tudo se faz sem peso na consciência, sem culpa. Nos dias atuais mentira virou “omissão”, traição virou “experiência”, sexo virou “necessidade básica”. E com conceitos assim as pessoas mudaram seus valores e foram perdendo e se perdendo umas das outras.
O que nos leva a refletir sobre terceiro item; busca do prazer, as pessoas estão à procura de um prazer incondicional e vale tudo pra se obter. Buscam a paixão, paixão pelo trabalho, pela família, pelo relacionamento, etc. E quando acaba a paixão acaba tudo.
Podemos afirmar que a paixão é o primeiro momento que vivemos na relação com o outro, o encantamento, a fantasia, os sonhos. Vamos imaginar um jovem que inicia um curso universitário, num primeiro momento ele se encanta com o ambiente da faculdade, com os novos colegas, com os professores, com as matérias, consegue se imaginar trabalhando daqui a cinco anos exercendo a profissão, enfim está apaixonado, é um momento em que ele e a faculdade são um só, simbiose, não dá pra se ver sem aquela realização.
 Algum tempo depois acaba o encanto inicial, percebe que tudo é natural e normal, os colegas não são tão legais assim, a faculdade tem seus defeitos, enfim, perde-se o encanto. O jovem começa a perceber que ele é um e a faculdade é outro. Quando chega este momento ocorre um vazio, e o jovem acha que está no curso errado e sai da faculdade.
Este fenômeno pode acontecer em muitos outros âmbitos da vida, com um emprego, entre namorados, casamento, amizades, enfim.
A terceira fase deste fenômeno seria o equilíbrio, percebendo que eu sou um e a faculdade é outro, o jovem poderia resgatar a paixão do primeiro momento, porém vivendo com equilíbrio e maturidade.
Mas o que se busca é o extase deste primeiro momento, a paixão em tudo, quando acaba a paixão muda-se e tudo bem.
É neste momento que se pode perceber o vazio, as pessoas tentam preencher um vazio que há em suas mentes e em seus corações, um vazio que causa angústia, insatisfação, infelicidade, as pessoas ficam na espera que o outro o preencha, e isso não é possível. Ninguém completa ninguém.
O auto conhecimento, a auto estima, segurança pessoal pode ser um caminho pra solucionar este vazio e ai sim entrar em um relacionamento inteiro. Em contrapartida, buscar alguém também inteiro possibilitando assim uma troca, um relacionamento saudável.
(Artigo publicado na Revista Alvorada do mês de abril de 2011)

Cristina Silva Souza - Psicóloga
ESpaço Crescer Psicologia