quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

O poder das redes sociais

Esta semana passei por uma experiência e venho aqui compartilhar.

Quando penso em redes sociais, penso mais especificamente no Facebook, muitas pessoas estão conectadas diariamente e outras abominam, acham perda de tempo.

Claro que há os bons e os maus usos das redes. Mas no geral vejo mais para o positivo que negativo.

Costumo falar do meu trabalho, divulgar cursos e palestras, divulgo blogs e textos que escrevo, acredito que ajudo pessoas de alguma forma, também uso para descontrair , curtir os amigos, postar fotos fofas, colocar videos com as graças do meu neto, enfim... uma infinidade de coisas dá para fazer nas redes.

A mais importante é o vínculo que vai se formando entre as pessoas, desenvolvemos carinho por pessoas que nunca vimos pessoalmente e que se tornam importantes para nós, alguns passamos a conhecer  e outros se tornam projetos de um encontro no futuro.

Mas o que venho falar é do poder que essa rede tem, no domingo a noite, 29/01 meu cachorrinho saiu para fazer xixi, moramos em uma pequena rua sem saída com portão na entrada, não observou-se que uma pequena parte do portão estava aberto e quando demos conta ele já tinha sumido. O maior problema é sua idade, 15 anos e não enxerga.

Ficamos desesperados, as minhas duas filhas saíram pelas ruas, chorando para ver se achava, em minha mente veio duas cenas, ele andando sem rumo, devagar e inseguro e uma boa alma o pega e leva pra casa e a outra... bem acho que nem preciso descrever.

Pegamos o carro e saímos a procurar, em várias ruas do bairro e nada.

Na segunda feira de manha fomos a alguns Pets do bairro, imaginando que quem encontrou deveria levar a um deles, nada.

Pensei nos julgamentos, de certo que as pessoas pensariam que era um desses cachorros que foram abandonados por estar velhinho e ainda por cima cego. Não foi. Minha filha chorou a noite inteira e eu tive pesadelos.

Por volta de umas 14hs na segunda feira, pensei na possibilidade de postar uma foto dele no Facebook mas sem muita esperança. Nem foto recentes temos, como ele está velhinho deixamos ele em paz, até o meu neto de 2 anos já entendeu que o Ricky é só pra fazer carinhos, nada de grandes aventuras, sendo assim evitamos tirar fotos.

Só tinha foto de cima e procurei uma na internet que fosse bem parecido com ele, e pra ajudar meu notbook, onde estão as fotos antigas, estava no técnico.

Com todas essas limitações fiz a postagem:

Pessoal meu cachorrinho fugiu ontem a noite na região da freguesia do ó. 
A imagem pode conter: 3 pessoas, pessoas sorrindoEstamos muito triste mas acima de tudo preocupados, ele tem 15 anos e não enxerga, deve estar muito assustado. 
O pelo dele está exatamente no tamanho da foto, talvez um pouco menos.
Peço a todos da região da freguesia que compartilhem, eu acredito que alguém o viu perdido e pegou. O nome.dele é Ricky da raça Lhasa Apso.
contatos: xxxxxxxxxx
av. xxxxxxx
Está postagem é de 30/01/2017
Contamos com vocês.

Em uma hora 42 pessoas tinham compartilhado em suas time line, as 17hs recebemos uma ligação de um homem dizendo que tinha visto uma mulher pegar um cachorro nas proximidades, viu a foto no facebook e reconheceu. 
A imagem pode conter: 2 pessoas, texto







Às 18hs minha filha e o pai foram até o endereço indicado e lá estava nosso molequinho. Um grande alívio para todos nós e nossos amigos que viveram esta angustia e nos acompanharam.
Logo tive o prazer de postar uma nova foto: 











Reflexões:

Se em três horas uma série de pessoas se movimentaram para acharmos o Ricky fiquei pensando se esta força se unir o que podemos fazer pelo nosso país. Pela educação, saúde, economia, etc. 
Mas nos deparamos com  algumas dificuldades das quais percebo:

- Paralisação: o governo faz o que quer e nada fazemos, aumenta seus salários, nossos impostos, roubam descaradamente e a população? E me incluo nessa, passivamente assistimos tudo como se tivesse vendo cenas de novela mexicana. 
Quando diminuíram a velocidade das marginais, e eu lá estava andando a 50km por hora, sentia uma grande angústia, não por dirigir devagar, mas por ver a cena, um monte de robôs obedecendo às ordens, sem reagir, sem questionar, apenas obedece. Salvo alguns que se manifestam, a grande maioria cumpre sem questionar, guardam suas raivas desse sistema, assim como eu.

- Divergências de opiniões: enquanto a população tiver dividida entre um partido contra o outro, enquanto não houver uma consciência de que somos um país, uma população carente e necessitada e não esse ou aquele político, não haverá melhoras. Enquanto a maioria não pensar ou apoiar um mesmo pensamento nunca iremos a lugar nenhum, vejo o país como um cabo de guerra: uns defendem os 50km/h outros 70km/h; uns apoiam a cidade ser pintada de cinza e outros se revoltam e assim vamos seguindo. 
Muitos se calam porque pensam: "adianta eu falar alguma coisa?"; "Vai resolver se eu for pras ruas"; "Se eu tiver de comer vou ter que trabalhar, então o que eles fazem não vai me parar.".

Sei que tudo isso que penso não nos levará a nada, nem gosto de falar de política e do que fazem com nosso país, tento fazer minha parte para um mundo melhor; mas o movimento que meus amigos fizeram para achar o Ricky poderia ser  milhões de vezes mais, por milhões de pessoas para acharmos nosso País, nosso Brasil, nossa saúde, educação, segurança, alegria, esperança, etc. 

Mas enquanto existir o cabo de guerra... nada será feito.

Mas se perder seu cachorrinho, se sumir um um ente querido, não exite em usar as redes, grite para o mundo e você se surpreenderá com a ajuda que receberá. 

Vejo muitas postagens de pessoas que foram encontradas após postagens da família. 

Por Cristina Silva - Psicologa Clinica 
Facilitadora em Constelações