Alguns colegas da minha área criticam a série e outros recomendam para pais e profissionais. Meu objetivo não é defender ou atacar a série e sim chamar atenção dos pais.
Ser adolescente é muito mais difícil
do que parece, eu particularmente gosto muito de atendê-los porque oferecemos a
eles um espaço único, em que podem confiar e falar de seus conflitos sem medo,
para um profissional que o escutara com todo o respeito que merece e
principalmente, com todo o respeito que precisa.
Estou em um período em que
adolescentes que atendi no passado estão retornando à terapia, hoje jovens
adultos e me sinto muito orgulhosa de ver o progresso que tiveram. Esta semana
ouvi de um jovem que retornou porque precisa de um lugar para falar e a terapia
proporciona isso a ele e lembramos um pouco de seu processo na adolescência.
Meninos e meninas chegam ao consultório machucados, perdidos, revoltados ou
introvertidos e após algum tempo de acompanhamento conseguem entender e
lidar com seus conflitos tornando-se jovens e adultos saudáveis.
Sinto mesmo muito orgulho desses
que pude contribuir e ver os resultados de meu trabalho. Adolescentes que
venceram e sobreviveram com equilibrio.
Já fiz muitos trabalhos, alguns
até inusitados, já joguei vídeo-game em sessões para poder tocar a alma do meu
cliente; já fiz sessões com pai e filha; mãe e filho; família inteira sempre
com o foco na solução da dor do meu pequeno adolescente. Trabalhos que surtiram
efeito e que hoje voltam para comprovar.
A importância da psicoterapia para o adolescente
Infelizmente muitos pais acham
que é besteira ou se recusam a investir no tratamento; os filhos podem
conversar com os pais sobre suas angústias, não, não podem; se levarem para os
pais seus conflitos, medos, desesperos, escolhas, etc. serão julgados, não
serão ouvidos porque os pais estão atarefados e ocupados demais; serão
aconselhados a fazerem o que os pais acham ser o certo e no fundo não serão
ouvidos. Até porque nós pais, e me incluo nesta, não queremos ouvir; não porque
somos maus, mas porque ouvir a dor de um filho é como se fosse ouvir um grito
muito alto acusando: “VOCÊ FALHOU”, sendo assim preferimos não ouvir.
Mas eles têm seus problemas, com
escola, com amigos, com amores e pasmem, principalmente com os pais; têm
dúvidas, incertezas, medos e desesperos. Ter um adulto e de preferência um
profissional que está preparado para ouvi-los e ajudá-los neste processo de
vida, pode fazer muito bem.
É com muito pesar que vejo os
pais tirarem os filhos da terapia antes de ter feito um trabalho que possa estruturá-los
para viver esse momento de vida. Assistindo a série pude pensar em alguns
adolescentes que faziam terapia e que não tiveram oportunidade de continuar. A
maioria dos pais alegam ser por problemas financeiros, na verdade são outros motivos que os levam a interromper o trabalho com os filhos, como por exemplo:
- · O adolescente começa a ter autonomia;
- · Os pais precisam entrar em contato com seus próprios problemas;
- · Mudanças começam a acontecer;
- · Pais começam a lidar com culpas;
- · Ciúme porque o filho fala tudo para a psicóloga e não conta para os pais;
- · Preconceitos;
- · Negação, processo em que os pais não querem reconhecer que o filho não está bem.
- · Outros.
Gostaria que os pais tivessem
mais consciência, ao perceber que o filho adolescente está passando por algum
conflito ajude-o, leve-o para psicoterapia, ofereça a ele um local seguro para
que possa olhar suas dores e angustias antes que seja tarde, algumas conseqüências
são: alcoolismo, drogas, introversão,
bullyng (ativo ou passivo), insegurança, retraimento, fobias, doenças
psicossomáticas e até suicídio como ocorre na série.
Pais não hesitem em procurar
ajuda, você só estará fazendo o bem para seu filho, fiquem atentos.
E quanto à escola?
A escola tende a não olhar para o bullying, já ouvi de diretores de escola que as crianças fazem brincadeiras, mas são brincadeiras que machucam, ferem e marcam a vida de uma criança/adolescente para sempre.
As escolas precisam atentar para estes fatos, ocorre dentro da escola portanto é um problema da escola sim, é o local onde os adolescentes se concentram com todas as suas angústias.
Se as escolas se propõem a fazer um trabalho, não é tão difícil assim, eles estão perdidos e carentes, querem um olhar, apenas isso, mas novamente caímos nas mesmas questões dos pais: investimento, e olhar para os erros da própria instituição.
A escola tende a não olhar para o bullying, já ouvi de diretores de escola que as crianças fazem brincadeiras, mas são brincadeiras que machucam, ferem e marcam a vida de uma criança/adolescente para sempre.
As escolas precisam atentar para estes fatos, ocorre dentro da escola portanto é um problema da escola sim, é o local onde os adolescentes se concentram com todas as suas angústias.
Se as escolas se propõem a fazer um trabalho, não é tão difícil assim, eles estão perdidos e carentes, querem um olhar, apenas isso, mas novamente caímos nas mesmas questões dos pais: investimento, e olhar para os erros da própria instituição.
Por Cristina Silva- Psicóloga Clinica, especialista em Constelação Familiar e mãe.