quarta-feira, 12 de abril de 2017

Procure ajuda para seu filho adolescente - Os 13 Porquês.

Acabei de assistir a série que tem sido discutida nas redes sociais, 13 Reasons Why (Os 13 Porquês), trata de uma adolescente que sofria bullying na escola e como conseqüência comete suicídio. 

 Alguns colegas da minha área  criticam a série e outros recomendam para pais e profissionais. Meu objetivo não é defender ou atacar a série e sim chamar atenção dos pais.


Ser adolescente é muito mais difícil do que parece, eu particularmente gosto muito de atendê-los porque oferecemos a eles um espaço único, em que podem confiar e falar de seus conflitos sem medo, para um profissional que o escutara com todo o respeito que merece e principalmente, com todo o respeito que precisa.

Estou em um período em que adolescentes que atendi no passado estão retornando à terapia, hoje jovens adultos e me sinto muito orgulhosa de ver o progresso que tiveram. Esta semana ouvi de um jovem que retornou porque precisa de um lugar para falar e a terapia proporciona isso a ele e lembramos um pouco de seu processo na adolescência. 

Meninos e meninas chegam ao consultório machucados, perdidos, revoltados ou introvertidos e após algum tempo de acompanhamento conseguem entender e lidar com seus conflitos tornando-se jovens e adultos saudáveis.

Sinto mesmo muito orgulho desses que pude contribuir e ver os resultados de meu trabalho. Adolescentes que venceram e sobreviveram com equilibrio.

Já fiz muitos trabalhos, alguns até inusitados, já joguei vídeo-game em sessões para poder tocar a alma do meu cliente; já fiz sessões com pai e filha; mãe e filho; família inteira sempre com o foco na solução da dor do meu pequeno adolescente. Trabalhos que surtiram efeito e que hoje voltam para comprovar.





A importância da psicoterapia para o adolescente









Infelizmente muitos pais acham que é besteira ou se recusam a investir no tratamento; os filhos podem conversar com os pais sobre suas angústias, não, não podem; se levarem para os pais seus conflitos, medos, desesperos, escolhas, etc. serão julgados, não serão ouvidos porque os pais estão atarefados e ocupados demais; serão aconselhados a fazerem o que os pais acham ser o certo e no fundo não serão ouvidos. Até porque nós pais, e me incluo nesta, não queremos ouvir; não porque somos maus, mas porque ouvir a dor de um filho é como se fosse ouvir um grito muito alto acusando: “VOCÊ FALHOU”, sendo assim preferimos não ouvir.

Mas eles têm seus problemas, com escola, com amigos, com amores e pasmem, principalmente com os pais; têm dúvidas, incertezas, medos e desesperos. Ter um adulto e de preferência um profissional que está preparado para ouvi-los e ajudá-los neste processo de vida, pode fazer muito bem.

É com muito pesar que vejo os pais tirarem os filhos da terapia antes de ter feito um trabalho que possa estruturá-los para viver esse momento de vida. Assistindo a série pude pensar em alguns adolescentes que faziam terapia e que não tiveram oportunidade de continuar. A maioria dos pais alegam ser por problemas financeiros, na verdade são outros motivos que os levam a interromper o trabalho com os filhos, como por exemplo:
  • ·         O adolescente começa a ter autonomia;
  • ·         Os pais precisam entrar em contato com seus próprios problemas;
  • ·         Mudanças começam a acontecer;
  • ·         Pais começam a lidar com culpas;
  • ·         Ciúme porque o filho fala tudo para a psicóloga e não conta para os pais;
  • ·         Preconceitos;
  • ·         Negação, processo em que os pais não querem reconhecer que o filho não está bem.
  • ·         Outros.


Gostaria que os pais tivessem mais consciência, ao perceber que o filho adolescente está passando por algum conflito ajude-o, leve-o para psicoterapia, ofereça a ele um local seguro para que possa olhar suas dores e angustias antes que seja tarde, algumas conseqüências são: alcoolismo, drogas, introversão,  bullyng (ativo ou passivo), insegurança, retraimento, fobias, doenças psicossomáticas e até suicídio como ocorre na série.




Procure ajuda, como pais nem sempre conseguimos tocar a alma dos nossos filhos, os pais não são perfeitos, falham e os filhos, muitas vezes nem querem que os pais percebam que não está bem por vê-los preocupados demais com seus problemas, para poupar os pais os filhos engolem seus dilemas e sofrem calados.







Pais não hesitem em procurar ajuda, você só estará fazendo o bem para seu filho, fiquem atentos. 

E quanto à escola?

A escola tende a não olhar para o bullying, já ouvi de diretores de escola que as crianças fazem brincadeiras, mas são brincadeiras que machucam, ferem e marcam a vida de uma criança/adolescente para sempre.

As escolas precisam atentar para estes fatos, ocorre dentro da escola portanto é um problema da escola sim, é o local onde os adolescentes se concentram com todas as suas angústias.

Se as escolas se propõem a fazer um trabalho, não é tão difícil assim, eles estão perdidos e carentes, querem um olhar, apenas isso, mas novamente caímos nas mesmas questões dos pais: investimento, e olhar para os erros da própria instituição.




Por Cristina Silva- Psicóloga Clinica, especialista em Constelação Familiar e mãe.