segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Amigos para sempre

A pedido de um amigo especial: “você poderia escrever sobre isso”.
“Isso” é a amizade que se formou pós separação.

Hoje vivo uma experiência rara e quando falo para as pessoas todas ficam admiradas e impressionadas.

Ser amiga do ex marido, esta é a situação que vivemos e que todos os casais que se separam deveriam ao menos, experimentar.

Hoje, menos de três meses de separação, conversamos, contamos confidencias de nossas vidas atuais, trocamos  conselhos, batemos papos e também refletimos sobre o passado, o nosso passado. Com compreensão e aceitação de que tudo foi como foi.


Evolução? Maturidade? Aceitação? Terapiassss? Constelações? Talvez tudo junto mas o melhor é que poupamos desgastes, respeitamos nossas filhas e neto e principalmente nos respeitamos. 
Ficamos com o que tinha de melhor em nosso casamento, o carinho, a amizade, o companheirismo e a certeza de podermos contar um com o outro quando precisar.

Diante deste quadro as pessoas acreditam que voltaremos.  Não, realmente cumprimos nossa missão juntos, fizemos tudo que pudemos.

Passar anos com uma pessoa, dividir a mesma casa, a mesma cama, ter filhos, construir uma vida e momentos merece no mínimo respeito ao término da história.


O grande problema da maioria das pessoas é esperar que o outro seja fonte de sua felicidade, é querer que o outro seja o que quer que seja e não o que realmente é, assim vai construindo em cima do(a) parceiro(a) expectativas que o outro não pode suprir. A partir daí cria-se um relacionamento cheio de cobranças e julgamentos que resultam em mágoas, raivas, tristezas, etc.

Nestes casos a separação poderia ser uma libertação de tudo isso, mas as pessoas escolhem intensificar os sentimentos negativos e ficam na raiva e/ou mágoa. Prejudica-se e prejudica os filhos.
Pais felizes, juntos ou não, resultam em filhos felizes. Uma matemática simples, mas que muitos erram no final.

Hoje eu e meu amigo especial somos muito gratos um ao outro, vivemos momentos maravilhosos juntos, tivemos duas filhas e um neto, viajamos, passeamos, crescemos e aprendemos. Recebemos um do outro e tudo que foi bom vamos guardar no coração, o que não foi bom deixamos para traz.
Sei que parece impossível, mas acreditem é possível, só temos a ganhar, afinal somos amigos  que se conhecem muito bem, muito mais que qualquer outra pessoa e isso contribui para uma amizade fortalecida.

Sou grata a nossa Evolução, Maturidade, Aceitação, Terapiassss e Constelações que contribuem para esta situação em que nós saímos ganhando, as filhas ganham, o neto, a família em geral. Ficamos com nosso melhor, a amizade, o carinho, a cumplicidade e o querer bem do outro.


Frases de amigos:

_ Use camisinha.
_ Você tatuou uma borboleta, isso é símbolo de liberdade, você sempre prezou muito sua liberdade, nunca deixe ninguém tirar isso de você.
_ Vai precisar do carro? – (temos guarda compartilhada do carro rsrs).
_ Quer um café?
_ Agora você pode ser você mesmo, viver a sua essência.
 _ ...




Por Cristina Silva 

sábado, 30 de julho de 2016

Relação mãe & filha – transformando dor em saúde

Hoje estou particularmente tocada pelo  relato de uma mãe. 

Recebemos em nossos consultórios queixas relacionadas a esta relação, mãe e filha. Adultos que sofrem sequelas de uma mãe que foi fria, dominadora, distante, indiferente, entre outras características.

Adultos que sofrem carências por toda vida por não ter recebido o amor da forma que esperava, em cima desta falta constrói seus relacionamentos de forma vazia, insatisfatória e indiferente.
Sabe-se que nos consultórios chegam as mais variadas queixas e problemas mas o mais constante são insatisfações nesta relação. Falo de mãe e filha pois esta queixa parte mais de pacientes mulheres, homens raramente traz esta relação como causa de seus sintomas. Ao menos, em meus 14 anos de atendimentos, é o que observo.

Vejo mulheres destruídas emocionalmente, com baixa auto-estima, sem sucesso profissional e financeiro porque a mãe não soube elogiar, estimular e apreciar enquanto criança e adolescente.
Vejo mulheres que se casaram cedo para se livrarem de uma mãe austera.

Vejo mulheres que não sabem ser mãe carinhosa, presente e afetiva porque não tiveram essa referencia e assim passa-se de geração em geração uma linhagem de mulheres frias com suas filhas.
Vejo mulheres que tiveram suas vidas marcadas por mães que eram afetivas com os filhos homens e frias com as filhas mulheres, vitimas de preconceitos e machismo de uma cultura e sociedade.

Vejo mulheres que quando tiravam uma nota máxima na escola a mãe dizia que não fazia mais que a obrigação, apagando o brilho nos olhos e o sorriso de uma menina feliz por ter ido bem na prova.
Mães que ensinaram suas filhas a não confiarem em homens, pautadas em suas experiências, sendo submissas e tendo que suportar humilhações, traições, etc,

Sim, grande parte de nossas clientes/pacientes trazem como causa de suas queixas uma relação materna prejudicada e por outro lado temos aquelas filhas que mesmo constituindo família não saem da barra da saia da mãe, ficam apegadas demais e assim não ficam presentes para marido e filhos, também relações em que o amor demasiado prejudica o presente e consequentemente o futuro.

Hoje, vejo transformações, e voltando ao relato que ouvi citado acima, uma mãe cuja filha era fria, distante e julgadora, após algumas sessões de terapia e uma constelação familiar, transformou. A cliente esta encantada com as mudanças que ocorreram em sua filha, na relação das duas e pergunto: você consegue imaginar que passaram anos, muitos anos em uma relação ruim e após um trabalho de Constelação Familiar tiveram suas vidas transformadas?

Imagine quantas pessoas podem se beneficiar com este método de terapia.

Nas Constelações substitui-se julgamentos por entendimento e aceitação, carências por gratidão, pulsão de morte por vida.

Todas as bases das Constelações são teorias da Psicologia, um método que pode ser utilizado pelo Psicólogo segundo informações obtidas no CRP-SP.

Quer conhecer e/ou usufruir deste método? Participe dos nossos encontros.

Deixo abaixo links com informações sobre o método, workshops e cursos.


Os workshops você pode acompanhar pelo facebook e páginas

A maior gratificação para um Psicólogo é ver o sorriso nos lábios de seu paciente, ver o brilho no olhar e ver que a vida segue diferente, nova, feliz. 

O maior reconhecimentos são as indicações que esses pacientes que se transformaram fazem, trazem os amigos, os parentes, os amigos dos amigos e assim seguimos com nossa profissão a serviço da vida. 

Por Cristina - Psicóloga e Facilitadora em Constelações Familiar/Organizacional/Individual/Sistêmica
Alzira Cristina da S. Souza  - CRP 71.699
Whats: 99361.8423




segunda-feira, 18 de julho de 2016

Sobre SEPARAÇÃO

Acabei de ler um artigo cujo titulo é: "Eles foram felizes para sempre longe um do outro"

O texto é grande, mas vale a leitura, porém fala de nossa cultura machista e o quanto a mulher se aprisiona em um casamento ruim por conta das crenças e valores que carrega desta cultura. Fala também no amor romântico, aquele que nunca acaba e que cabe à mulher manter a qualquer custo. 


Quando me casei, o momento mais lindo e que jamais esqueci, foi a fala do Padre:
_ O QUE DEUS FAZ, ENQUANTO HOUVER AMOR, O HOMEM NÃO DESFAZ.

Foi em uma Igreja Católica Brasileira e não Romana. Mas sábias palavras. 
Quantas pessoas conhecemos  que vive um casamento que já nem existe mais? Pelos filhos, pelos bens, pela família, sociedade. 
Por medo, falta de coragem, insegurança, mas vive mal. 
Lembro-me de uma pessoa que por várias vezes vi fazendo careta para o marido quando ele virava as costas, demonstrando raiva e desaprovação. A ultima vez que dessa cena tinham 28 anos de casados e sempre a vi fazendo isso, imaginei mais 28 anos assim e me perguntava, como consegue?

Esse é só um exemplo, casais que vivem como irmãos, que brigam demais, que se xingam, que traem, mentem, enfim... Ficam juntos a qualquer custo e ai vale a leitura do artigo citado acima; a preço de que? Dos filhos? Da família? Da sociedade? Do dinheiro? Do AMOR? 

Se for dos filhos, sinto muito informar, estão dando a estes uma carga que não é deles. Muitos filhos sentem-se aliviados e mais felizes quando os pais se separam. Vai depender de como os pais estão mostrando aos filhos, se tiverem sentimentos negativos eles irão sofrer pelos pais e não por eles. 

Da família e /ou sociedade, o que vão falar e pensar? Vão falar e pensar, mas alguém vem perguntar se você quer que pague uma conta sua? E acredite, muitos não perguntam nem se você esta bem, como se a palavra separada fosse uma doença contagiosa, e pode ser rsrs. 

Do dinheiro, acredite, quando precisamos arrumamos força e ter o próprio dinheiro é gratificante. 

Do amor??? Nem vontade de comentar, mas vamos lá, se o casamento está ruim é porque o AMOR acabou, pode existir o amor amigo/irmão, mas se o amor homem/mulher; macho/fêmea; acabou que vantagem há em ficar casado com irmão/amigo?


Separação = libertação

Claro que nunca imaginei que seria tão feliz me separando. Imaginava dor, sofrimento, vazio, etc. 
Claro que foi tudo muito bem pensado, trabalhado em terapia, conversado.

Mas a sensação de libertação é muito boa, liberdade interna mesmo, de culpas infundadas, de auto-cobranças sem sentido, de crenças e valores carregados de várias gerações. 
Libertação de pesos que carregamos que é do outro, dos outros e não nosso. 

Uma liberdade em que eu sou eu, eu não sou uma extensão do outro. Tenho minhas próprias pernas, braços, mente e coração. Parece bobagem, mas é uma sensação maravilhosa, depois de 22 anos e mais 7 de um relacionamento anterior que não sei o que é ser eu sozinha, livre, leve. 

Mas para ter essa libertação não podem ter mágoas, raivas, apegos, julgamentos, vinganças, entre outros sentimentos que nos aprisionam e nos impedem de ser feliz.

Em minhas experiências  a maior libertação foi saber que o outro esta bem e esta feliz. E assim me libertei mais ainda para o que nomeei de FELIZ VIDA NOVA.



Porque agora tudo é novo, tudo é diferente, até mesmo um café que vou fazer, não é mais para dois, é para um. Outro dia o gás acabou e quem teve que solucionar? Eu. E isso foi muito bom. E muitas outras coisas, saio daquele papel de co-dependente e tomo as rédeas da minha própria vida. 
Descubro um mundo novo, um mundo de possibilidades e vou caminhando leve, como se nada me prendesse.

Sim, a separação pode ser libertadora, pois liberta de algo que não está bom, que vamos empurrando e empurrando até quando? Até que um fira o outro? E foi isso que procuramos evitar, chegar a um ponto em que um começaria a machucar o outro, sem necessidade. Mas muito escolhem viver se ferindo, machucando, maltratando, etc. de forma direta ou não. 

Escolher ser feliz é sempre o melhor caminho. Medos são naturais, mas no final das contas vale a pena, lembrando, desde que haja desapego. 
Independente de onde se casou, que fique a mensagem:








O QUE DEUS FAZ. ENQUANTO HOUVER AMOR, O HOMEM NÃO DESFAZ. 

Por Cristina Silva- Psicóloga 

terça-feira, 12 de julho de 2016

Não estou sozinha

Quando minha mãe faleceu, no mês de fevereiro deste ano (2016), senti uma sensação horrível de orfandade. Escrevi sobre isso e desde então tenho repetido a frase:
_ Estamos sozinhos no mundo.

Para ajudar, três meses depois me separei e reforçou a sensação de que estou sozinha no mundo e comecei a escrever e refletir sobre ser só.

Mas a vida é tão sábia que começou a me mostrar que NÃO, não somos sozinhos no mundo.  E dentro das últimas experiências tenho duas reflexões:

A primeira é que nunca recebemos de quem esperamos, algumas pessoas que considero importantes na minha vida, nunca sequer me mandou um simples whats perguntado: Você está bem? Nunca me ligaram, ou deram uma palavra de conforto. Mas ok, meu objetivo aqui não é julgar, também não costumo ficar presa nas decepções e entendo que cada um dá o que tem e muitos não têm nada para dar. (e você pode pensar: e isso não é julgamento? rsrs).

A segunda reflexão é que existem muitas pessoas especiais neste mundo, graças a elas nunca estaremos sozinhos. Conto aqui minhas experiências com estas pessoas especiais:

1. Estava no processo da separação e uma amiga estava envolvida com questões profissionais, outra com novo amor, a outra com saúde... enfim... do nada chega a seguinte mensagem:
_ Cris você está bem?
_ Porque? respondi - rsrs mania de psicóloga, responder uma pergunta com outra
_ Porque estou sentindo que você não está bem. Quer conversar?

Siiiiiiiiiim, era tudo que eu precisava naquele momento, uma amiga para conversar e este anjo percebeu que eu estava precisando dela e ela estava ali para me oferecer seu colo. E a ela minha profunda gratidão.

2. Fiz uma viagem de 10 dias, com meu irmão fui para a cidade dos meus pais onde moram nossa família e advinha.... muito carinho, muito amor, muita dedicação, risadas, alegrias e festas. Foram 10 dias simplesmente perfeitos, recebemos tudo que precisávamos para nos reestruturarmos pós perda. Aqui deixo minha gratidão aos tios. tias, primos, primas, amigos, amigas... melhor parar por aqui rs

3. Neste final de semana conheci pessoas maravilhosas, presente de Deus. Carinho, admiração, atenção, bom papo e terapias não faltaram.

As amigas que estavam ocupadas, em seu tempo foram voltando e quando uma não está presente a outra está e assim fui me dando conta que menti, não estamos sozinhos no mundo, Deus sempre providencia pessoas especiais para estarem ao nosso lado, na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza.

Quando nos permitimos as pessoas se aproximam e oferecem o seu melhor e assim podemos receber e oferecer também o nosso melhor, cultivando as relações seja entre amigos ou família.

Deixe vir quem quer vir e quem pode vir.

Quanto às minhas teorias, se até FREUD que é o Gênio refez as suas e Bert Hellinger ainda hoje reinventa, eu uma simples mortal posso fazer e desfazer as minhas. Afinal é assim a vida, DINÂMICA.

E as grandes surpresas não param por ai, as filhas se tornam companheiras e o ex marido se torna amigo.

Quem está sozinha? Eu? Não, não estou, tenho pessoas muito especiais perto de mim e a todas estas minha profunda gratidão.
E a Deus, obrigada por me fazer perceber que tem muita gente no mundo para ficar sozinha.


Por Alzira Cristina Silva - (Cris)  Psicóloga Clínica


https://youtu.be/OE2boJnrVfk





quinta-feira, 30 de junho de 2016

Quero Paz - chega de guerra


                                                                                              Por: Cristina S. Souza – Psicóloga Clínica

Fiz uma viagem em junho, 10 dias na cidade natal dos meus pais, cidade onde morei dos 10 aos 21 anos, passei toda a adolescência lá e retornar agora, 26 anos depois foi uma experiência, no mínimo, intensa.
Muitas reflexões sobre estes dias e aqui vai a primeira delas:


Venho me questionando: porque tenho asas?


Quem me conhece sabe que amo borboletas, claro que esse amor tem um simbolismo, sempre fui muito independente, dona do meu nariz, e este “dona do meu nariz” claro que vinha com uma certa arrogância, na adolescência ter a responsabilidade da independência eleva o ego e contribui para o autoritarismo. E eu era assim, autoritária, dominadora e livre. Ai de quem ousasse prender minhas asas. Seja na vida profissional, social e principalmente relacional.

Claro, reconheço que sou tudo que sou hoje porque tive essas asas, grandes, que não cabiam em lugar nenhum e assim fiz minha peregrinação desde cedo pela vida, pelo mundo.

Mas hoje, olho para traz e percebo que tudo sempre foi muito pesado e difícil, até minha filha fala: “nada é fácil pra você mãe”, não a vida não foi muito fácil. Claro que quem tem asas também tem forças, pois alçar voo não é uma coisa muito simples. Às  vezes gostaria de ter um local para pousar, tranquilo, calmo e seguro.  Mas enquanto esse lugar não vem e nem sei se vem, continuo voando, levando meus conhecimentos, ajudando pessoas.


Propósito

Esta viagem teve muitos propósitos, mas um deles foi pensar em relacionamentos. Várias gerações de mulheres foram criadas para ter asas. Acompanho diversas histórias em que essas asas (liberdade+autoritarismo=dominar) atrapalha o relacionamento.

Diversos casais têm conflitos porque a esposa quer do jeito dela, não confia, briga por tudo, toma a frente e sai atropelando e no fundo sente um grande amor pelo seu parceiro, parte desta guerra é por orgulho, claro aprendeu que mulher tem que ter asas, não pode ficar por baixo, não pode depender, etc.

Existe um ditado que diz: “prefiro ser feliz do que ter razão”. Porque cargas d’agua não ouvi esta frase antes dos 23 anos? Ah! Se tivesse ouvido sabe o que teria acontecido? Teria brigado com quem a tivesse falado para mim, porque estava na guerra, porque queria ter razão.

O que deixo aqui de recado, pelas minhas próprias experiências e pelas aprendizagens que tive neste retorno ao passado é:

Deixe que suas asas sejam leves, não brigue para ter razão, com aquela pessoa que você mais ama, desarme-se, confie. Se apesar de tantas brigas vocês ainda estão juntos é porque ele te ama, é porque você é importante para ele, é porque ele é sim mais forte que você e se você permitir ele pode ser o seu pouso seguro”. As brigas destroem o amor e o resultado é a perda e o arrependimento.

Acredite, não vale a pena brigar para ter razão, se tivesse aparecido uma Cris para me falar isso bem lá no passado e eu tivesse conseguido ouvir, tudo teria sido muito diferente.
Enquanto você que está neste processo pode trazer leveza para seu relacionamento eu continuo meu voo até achar um local seguro para pousar, porque agora meus voos são leves, não quero mais guerra, quero paz, mas levei muitos anos para aprender isso.



sexta-feira, 27 de maio de 2016

Homem não é gente, é bicho.


Homem não é gente, é bicho.

                                                                                        Por Cristina S. Souza
Psicóloga Clínica/Facilitadora em Constelações


É com coração apertado e lágrimas nos olhos que faço essa reflexão.

Quando era adolescente, na década de 80, minha mãe me dava muita liberdade, eu podia ter amigas e amigos, podia sair, viajar com os amigos, enfim... podia fazer tudo que minhas amigas não podiam, tudo sob orientação e consciência da minha mãe.
Minha mãe, uma mulher à frente do seu tempo, enquanto todas as outras prendiam suas filhas ela me dava asas, sim eu podia voar, mas... ah! esse mas... sua maior frase e por várias, muitas, diversas vezes era:

_ CUIDADO COM HOMEM MINHA FILHA, HOMEM NÃO É GENTE, HOMEM É BICHO.

Estranhava essa fala dela, mas filtrava e seguia a vida, mentira, não filtrava não, eu tinha medo de homens. Eu me protegia deles, o máximo que permitia eram os beijos, na boca e nada além, porque aquela frase ecoava na minha mente:

_ CUIDADO COM HOMEM. HOMEM NÃO É GENTE. HOMEM É BICHO.

Pois é mãezinha, hoje sou obrigada a acreditar na sua teoria, e não quero parar nem por um segundo para pensar de onde você tirou essa informação. Não, não quero.

O que tenho pensado e refletido a partir de tanta violência, de tantos e tantos estupros que temos acompanhado é em como é difícil ser mulher.

Essas vítimas que saem nas redes e na mídia,  são as pequenas amostras de tantas e tantas mulheres que sofrem estupros. 


O estuprador dorme ao lado

O que falar de tantas e tantas mulheres que se vêm obrigadas a ter relações sexuais com Marido/Namorado/Noivo/Ficante?
Muitas fecham os olhos e fazem de conta que não estão ali e torcem para que acabe logo. Isso não é estupro???

Ah! mas elas não são obrigadas a ter relação, podem falar não. O que acontece mesmo quando elas falam não?

Ouvem coisas que machucam. Alguns são mais escrotos e falam que a mulher é fria, que não gosta de sexo, que é egoísta, isso quando não fala que é gorda/magra, feia e que nunca irá encontrar ninguém que a queira. Monstro?
E aqueles que sutilmente reclamam porque a mulher não quer transar, fala que é difícil pra ele, porque ele a AMA demais e a deseja demais, e parece que ela não o ama da mesma forma. NÃO MEU AMIGO, ELA NÃO AMA DA MESMA FORMA PORQUE AMOR PARA UMA MULHER NÃO É SINÔNIMO DE SEXO, SEXO  É CONSEQUÊNCIA DE AMOR. Sim você também é um escroto.

O estuprador esta na sua casa

O que falar daquele maldito que olha  para a sobrinha, filha, amiga da filha, e/ou qualquer menina que está ali, perto, dentro de casa, da casa da irmã, da casa da vizinha... enfim. ESCROTO.

O estuprador esta na rua.

Li outro dia um artigo de uma jornalista que falava dos desconfortos e de quanto se sentia agredida quando  andava na rua e os homens mexiam com ela quando ainda era uma menina de 14 anos. Se sentia agredida e sofria com comentários que lhe eram dirigidos. Quando li, perguntei para minha filha e uma amiga, então com 14 anos  se acontecia com elas e o que sentiam.

Eu tinha esperança de falarem que não acontecia, ou que era raro acontecer? Sim, tinha. Mas o discurso delas foi:

_ Nojo, Aff! uns homens velhos, ficam olhando pra gente, medindo de cima em baixo, é nojento.


Hoje vi esta postagem no facebook:



Sem palavras.


É mãezinha parece que você tinha razão, HOMEM NÃO É GENTE, HOMEM É BICHO. 

Claro que tem as exceções. (pausa....................................longa)
Será que tem mesmo???????????? 
tenho minhas dúvidas. 


*Ps: por bicho não entendo animais como cachorro, gato, leão, elefante, etc. . Entendo monstro, covarde, psicopata, irracional, hipócrita, escroto, assassino. 


quarta-feira, 27 de abril de 2016

Bela, recatada e do lar-Porque tanta polemica?

Bela, recatada e do LAR

Hoje acordei refletindo sobre este tema que na semana passada incomodou tantas mulheres. Tudo que nos incomoda é por ter um fundo de verdade que não queremos ver.

Por um lado temos mulheres fortes, determinadas, guerreiras; mulheres que desbravam o mercado de trabalho e financeiro, mulheres que além de profissionais são mães, donas de casa, esposas e ainda conseguem ser belas em sua essência. Mulheres provedoras de seus lares e orgulhosas de seus feitos.

Mas por outro lado temos mulheres cansadas de suas lutas diárias, mulheres que sofrem por ter de deixar seus bebês e filhos pequenos em casa ou em escolinhas, para irem para o mercado de trabalho, mulheres que perdem a convivência com seus filhos adolescentes por ter que pagar suas escolas, seus convênios médicos, comprar seus aparelhos eletrônicos de ultima geração; mulheres que chegam esgotadas e não conseguem ser femininas, não conseguem abrir um espaço para sua vida sexual.

Fico refletindo e não é uma verdade absoluta, mas o quanto da nossa essência é ficar sim em casa, cuidar, limpar, organizar, ficar com os filhos, fazer nossos alimentos e ter paz, sabendo que alguém irá prover todas as necessidades.

Comparo minha mãe com a mãe de uma amiga, ambas com 80 anos: a minha trabalhou a vida inteira, sentia muitas dores no joelho, tinha diabetes e pressão alta, mas apesar de viver de bem com a vida, parecia que tinha um peso ou uma amargura que só era perceptível em seu silêncio e em seu olhar que às vezes se perdia no nada. A mãe da minha amiga, com a mesma idade, parece ter uma alegria de viver, uma molecagem saudável e boa de ver, uma criança interior que foi preservada por ser poupada do inferno que é o mercado de trabalho.

Não que todas as mulheres que trabalham adoecem e todas que ficam em casa são felizes, sabemos que muitas de nós nos realizamos com nossas conquistas profissionais e muitas que estão em casa parece não ter sentido na vida e até se transformam em mães amargas e punitivas. Este texto é uma reflexão sobre a nossa essência, sim somos o sexo frágil, mas lutamos contra isso; somos meninas e vestimos roupas de meninos e vamos à luta.

Sei que muitas me julgarão por este olhar, mas quando se sentir cansada de tantas lutas lembre-se que estamos remando contra a maré, estamos em caminhos duros demais para nós e sim somos guerreiras porque vamos adiante e vencemos nossas batalhas.
Bert Henllinger, psicanalista e filosofo Alemão, relata em seus workshops que a função do homem é estar a serviço da mulher e dos filhos enquanto pequenos, mas nós permitimos isso? Que nossos parceiros se coloquem a nosso serviço ou nós nos colocamos a serviço deles? Porque além de tudo os tratamos como inferior a nós, pois além de trabalhar, somos mães, donas de casa, esposas e ainda sobra um tempinho para sermos filhas, amigas, irmãs, etc.
Sim às vezes tudo isso cansa. Nesses momentos seria bom ser bela, recatada e do lar? Muitas vezes desejei isso, outras não.

Para refletir.


Por Cristina S. Souza – Psicóloga Clinica e Facilitadora em Constelações Sistêmicas 

terça-feira, 29 de março de 2016

A profissão Psicologia Clínica e as possibilidades.


É possível viver de clínica? Quem nunca se fez esta pergunta? Quem nunca ouviu esta pergunta de um colega?
Vim aqui para dizer que sim, é possível viver de clínica. Me formei em 2002 e desde então minha única fonte de renda é a clinica.
Ainda no primeiro ano da faculdade ouvi do professor de ética, então diretor da faculdade, que atendimento clínico é o filét mion da profissão e que é impossível viver de filet mion, precisamos do arroz e do feijão. Desmotivador. Sei que todos ou a grande maioria dos estudantes de Psicologia ouviram coisas similares, desmotivados foram para outras áreas de atuação, muitos com a doce ilusão de conciliar oura área com atendimento clinico.
Conheço pessoas que estão na área organizacional e com grandes frustrações, pois o desejo é ter uma clinica, ou um local em que pudesse atuar e clinicar. Conciliar emprego CLT com consultório é possível, porém bastante difícil. Quando estamos em uma área, temos que estudar, ler, especializar-se;  fazer o mesmo para duas áreas distintas é quase impossível, além de ter que conciliar profissão com vida pessoal. Normalmente segue-se uma ou outra área de atuação, claro que existem as exceções. Mas o comum é seguir apenas uma área.
Escolhi seguir a área clinica e sou feliz com minha profissão e com minha escolha, amo meu consultório, amo os resultados que vejo em meus clientes/pacientes. É gratificante ver pessoas saírem de suas crises, da dor e do sofrimento e retomar a vida.
Também vim aqui compartilhar um pouco do meu caminho: uma caminho nada convencional.
Após me formar fui fazer um curso de Hipnose, esta ferramenta é reconhecida e aceita pelo CRP como ferramenta do Psicólogo. Fiz a Hipnose de Milton Erickson, que é um método bastante humano de trabalhar com a hipnose. Neste curso aprendi que a relação paciente/terapeuta não precisa ser tão quadrada e rígida como nos ensina a faculdade; o papel das universidades e de nossos professores é nos ensinar as teorias da forma mais fidedigna possível, mas lá fora, podemos dar uma arredondada, podemos dar nossa carinha para o nosso trabalho e assim comecei a construir um caminho.
Utilizo a hipnose nos atendimentos, quando necessário, a hipnose é uma ferramenta de solução, tenho a base da psicanálise, assim identifico nas sessões quais as possíveis causas de uma neurose ou conflito do paciente e com esta ferramenta faço uma incisão. Por exemplo: se os conflitos do paciente foi gerado por uma fala do pai na infância, é possível fazer uma regressão, ir até aquele momento da infância e dar um novo significado para aquele momento. Com novo significado, novas experiências e nova vida.
Após terminar o curso de Hipnose fui convidada para fazer um curso de Programação Neurolinguistica, que nasce da Hipnose, vem dos conceitos de Milton Erickson, a diferença é que são técnicas realizadas de forma ativa, exercícios simples que contribuem para que o cliente possa dar novos sentidos ao seu passado, aos traumas, as dores, as vivencias negativas.
Algum tempo depois fui apresentada ao método inovador Constelação Familiar desenvolvida pelo Alemão Bert Hellinger, ao qual estou envolvida e desenvolvendo um livro para mostrar que nas Constelações encontramos conceitos da psicanálise, linguagem da hipnose, com base também na teoria sistêmica familiar.
Este caminho me trouxe resultados junto aos clientes, tornando a psicoterapia breve e focal. Nos dias atuais poucas pessoas têm tempo e dinheiro para investir em terapias de longo prazo, quando digo longo considero 5 a 10 anos. Terapia breve, pode durar de três meses a três anos, depende do cliente, se vem com uma questão para ser resolvida ou se quer passar pelo processo de auto-conhecimento e se permite ficar por mais tempo. 
O que me leva a manter agenda cheia é a forma que desenvolvi de atendimento, com utilização das técnicas e recebo muitos pacientes que foram indicados por colegas de profissão. Além de indicações dos próprios pacientes.
Entendendo a utilização das técnicas dentro da psicoterapia:
Caso 1: uma jovem, junto ao seu pai me procurou porque queria fazer hipnose para emagrecer. Na primeira sessão observei o auto nível de ansiedade e agressividade que  apresentava.
Proposta: realizar a psicoterapia e dentro do processo iria aplicando a hipnose ou PNL; considerando sua ansiedade, se iniciasse com hipnose para diminuir a fome ou comportamento de comer, ela poderia desenvolver outros sintomas até mais prejudiciais. Só faria o trabalho se concordassem com este caminho.
Resultado: o pai me parabenizou e relatou que a filha não  faria a terapia se eu dissesse que iria fazer a hipnose e ela iria emagrecer de imediato.

Caso 2: a cliente, de aproximadamente 45 anos de idade me procurou para fazer hipnose e diminuir as dores que sente no corpo. Relata que sua amiga sentia dores e em duas sessões de hipnose foram sanadas e ela queria fazer o mesmo.
Proposta: realizar a psicoterapia e dentro do processo iria aplicando a hipnose ou PNL, se naquele momento iniciasse com hipnose para diminuir as dores poderia desenvolver outros sintomas até mais prejudiciais. Só faria o trabalho se concordasse com este caminho. Neste caso não dispensaria o acompanhamento médico.
Resultado: a cliente relata que só quer diminuir a dor e não fazer terapia. Deixei claro que não atuo assim, pois está fora da minha ética profissional, infelizmente não poderia atende-la e ela se foi.
As técnicas são utilizadas para atender as necessidades dos pacientes, portanto dentro de um processo terapêutico, seguindo os conceitos éticos que nos cabe enquanto psicólogos.
Outro caminho que encontrei e me ajuda a manter  agenda cheia é escrever. Tenho bastante facilidade em escrever e o faço com prazer. Desenvolvi um blog e sempre que me vem alguma inspiração, lá estou eu escrevendo algum artigo. Utilizo as redes sociais para apresentar meus artigos e já fui convidada a participar de programas de TV, rádios e artigos em revistas, os próximos serão publicados na revista Psicologia da editora Mythos, a convite da própria revista.
Durante todos estes anos venho estudando, de 1998 quando iniciei a faculdade até 2015, estive em algum curso. Fiz diversos que contribuíram para o meu amadurecimento profissional.
Hoje estou do outro lado, ministro um Curso de Práticas para Psicoterapia Pontual: Hipnose, Constelação e Programação Neurolinguística.

Outro conflito que vejo nos colegas é sobre preços, mas vou deixar este tema para uma novo artigo.

Deixo aqui o endereço do site para maiores informações sobre os métodos, no blog também têm artigos sobre Hipnose e sobre Constelação. Coloco-me a disposição para conversar e contribuir com os colegas neste  caminho  que pode não ser fácil, mas é maravilhoso. 


Cristina S. Souza- Psicóloga – CRP 06-71699


Contato: F: 11 99361-8423       email: uilcris@hotmail.com

http://www.espacocrescerpsicologia.com/

terça-feira, 15 de março de 2016

Que dor é essa? Perder os genitores nunca é fácil.

Que dor é essa?  Perder os genitores nunca é fácil.

Quando perdi meu pai sofri tanto que entrei em um processo, que hoje sei, era depressão. Meu desejo? Morrer junto com ele. Entendi aquela dor pois ainda era uma menina, 21 anos, solteira, morava com eles, sendo assim nada mais natural que sofrer desesperadamente.
Mas ao ser independente, ter uma família constituída, ter uma profissão e uma carreira ascendente, vivi-se a morte de uma forma mais natural, certo? ERRADO. Era assim que eu imaginava, quando minha mãezinha partisse. Mas não está sendo.

25 anos depois que meu pai se foi, hoje a dor por perde-la é muito grande, uma dor que dilacera a alma, que faz doer todos os nervos do corpo, que tira energia de viver, que faz a vida ficar triste. Uma dor que nem mesmo tenho vontade de superar, a mesma vontade da menina, ir embora junto.
Sei que vai passar, sei que o tempo cura tudo e ficarão as doces lembranças e a saudade. Mas minha reflexão é sobre esta dor que racionalmente não deveria ser assim.
Minha mãe com 80 anos, já cansada, com saúde debilitada com dores na coluna e no joelho, sem contar pressão alta e diabetes; tudo sobre controle mas mostrava-se cansada. Mulher de muita fé, pedia a Deus que a levasse antes que ficasse em uma cama dependente de cuidados e pedia que Deus em sua infinita misericórdia a levasse sem sofrimento, e assim foi. Então se tudo foi como ela queria, porque esta dor?
Ela dependia de nossa ajuda para alguns movimentos como compras, médicos, etc. e nós, filhos em nada dependia dela, então se somos adultos, independentes, com famílias, porque essa dor?
Sempre falei o quanto a amava e principalmente o quanto a admirava, agradecia por tudo que ela me ensinou e dizia-lhe que sou o que sou porque ela é a minha musa inspiradora, não deixei de falar e nem de fazer nada, então não é culpa. Porque esta dor?

Ficar órfã(o) é um processo muito dolorido
Conversando com amigos, terapia e irmão cheguei a esta conclusão. No momento em que soube de sua partida abriu-se um enorme vazio na minha alma, também me tiraram o chão e assim estou já há alguns dias. Já não tinha mais o meu pai e agora não tenho minha mãe. A sensação é que não tenho mais ninguém.

Racionalmente não faz sentido eu sei, tenho irmãos, marido, filhas e até neto; tenho tias, primos e amigos maravilhosos, mas emocionalmente é assim que parece, estou sozinha no mundo.
Sou muito questionadora e reflexiva, em meus pensamentos justifico que: os irmãos seguem suas vidas, com suas famílias e é assim que deve ser mesmo; os filhos nasceram para o mundo e a vida continua: escola, cursos, passeios, amigos... e é assim que tem que ser. Marido/esposa, por mais que sinta, não tem a noção do que é ficar órfão, a menos que tenha passado por isso. Enfim... é verdade, não tenho mais ninguém, o meu pai se foi e a minha mãe se foi. Esta é a grande dor. Quem vai conversar comigo? Dar broncas? Rir? Fazercompras? Fazer “fofocas”? Comentar sobre as novelas e fazer tricôt? Ninguém. Estou sozinha sem mãe e sem pai.
Sendo assim preciso mesmo de um tempo para me reequilibrar e reencontrar um chão seguro, aquele que vou reconstruir com meus próprios tijolos. Os carinhos e atenções que recebo são muito bem vindos e ajudam, mas quem precisa estruturar este novo chão sou eu mesma.
É assim que é ficar órfã. Mesmo sendo adulta.

Como seria se?
Como seria se eu sentisse culpa pelo que não falei ou pelo que não fiz?
Como seria se guardasse mágoas e raivas?
Como seria se não tivesse ficado tanto tempo junto, perto.
Como seria se não a olhasse vendo o seu melhor?
De certo seria muito pior.
Então você que ainda tem sua mamãe e/ou seu papai, reveja esta relação. O amor que sente é maior que as mágoas? Você os trata com a paciência que eles merecem? Fala de seu amor por eles? É presente em suas vidas?
Se algumas das respostas for não, reveja antes que seja tarde. Alguns filhos têm dificuldades em falar que ama, abraçar, elogiar, etc. se não consegue, experimente escrever, faça uma carta de amor e entregue a eles. Quanto ao restante, se não consegue perdoar sozinho, ter paciência, procure ajuda. ANTES QUE SEJA TARDE.

*Abro aqui um parênteses e deixo minha profunda gratidão à Bert hellinger, autor das constelações familiares, pois tudo estava em ordem quando ela se foi, mesmo ninguém dos irmãos sabendo do que estou falando, conseguimos por em ordem e assim a vida fluiu como tinha que ser.
E agora sigo com minha alma dilacerada, vou juntando os caquinhos e construindo um novo chão, que seja firme para eu pisar.


Por Cristina S Souza – filha





segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Educar = Dialogar


O primeiro dia na escola pode ser sofrido ou não. Escolhemos sem sofrimento.

Hoje foi o primeiro dia de escolinha do meu netinho, 1 ano e 4 meses e os corações da casa (mamãe, vovó, vovô e titia) estavam todos apertados. Grudado na mãe, que por escolha ficou este período para cuidar dele, nosso medo era a separação. E para nossa surpresa, entrou na escola sem nenhuma lágrima nos olhos, se juntou com os amiguinhos e foi.

Surpresa mesmo? Não, nem tanto. Porque ele foi preparado para este dia.

Muitas pessoas acreditam que bebês não entendem nada, trata-os como se fossem seres inanimados ou até para evitar suas birras fazem todas as suas vontades.

Mas tenho o prazer em informar que ELES são muito inteligentes e sim, eles entendem tudo.

Como preparamos o Miguel:

Na semana que antecedia o inicio das aulas começamos a falar  que ele iria para a escola, a mamãe iria deixa-lo na escolinha e depois iria buscar.
Quando a mãe vai pra faculdade que ele pergunta dela, informamos que ela foi pra escola e que logo voltara, assim como ele ira pra escola e depois a mamãe vai buscar.
Ainda nesta semana, peguei dois brinquedos, um sapo e um polvo, comecei a brincar com ele, contando-lhe que o sapo ia pegar o polvo e ia leva-lo à escola, sumia com o polvo, depois o sapo ia buscar o polvo na escola, e aparecia com o polvo. Fizemos algumas vezes esta brincadeira. Quando perguntava-se para ele quem ia pra escola, ele respondia: o papo (sapo). E assim foi durante toda a semana, torna-se até chato, mas a criança aprende por repetição. E foi um sucesso, sem choro, sem lágrimas e sem sofrimento. Com segurança e confiança de que a mamãe irá busca-lo e que estar lá é bom para ele.

Em 2002
Minha filha mais nova passou por uma série de cirurgias após seu nascimento, era uma criança risonha e feliz, após uma cirurgia que fez aos 9 meses, parou de sorrir, fazia tudo para anima-la e nada, sempre muito séria; quando estava pensando em procurar ajuda, após 15 dias, finalmente ela voltou a sorrir; mas como mãe preocupada que sempre fui, procurei ajuda mesmo assim.
Na cirurgia seguinte fiz a preparação: comprei máscara, luvas, soro, seringa e ela tinha um boneco médico, com roupas verdes e tudo. Então na brincadeira comecei a contar pra ela que iria passar por uma cirurgia, pegava o boneco médico e uma boneca para representa-la e ia contando como seria todo o procedimento, colocava as luvas em suas mãozinhas, pedia para aplicar injeção na boneca e assim fiz por várias vezes.
No dia da cirurgia, no pós operatório, ela não sorria porque a cirurgia foi na boquinha, mas quando passava música na TV ela dançava com a cabecinha e sorria com os olhinhos.


Lidar com a criança pode ser fácil

Não só nestas situações mas em qualquer outra é possível educar a criança, claro que precisa de paciência, tempo e criatividade, mas um investimento muito mais valioso que brinquedos caros e fazer todas as vontades da criança.

Para comer, tomar banho, ficar com alguém para que os pais possam fazer algo, falar e não gritar, pedir e não chorar, andar em lugares públicos sem escândalos, etc.


Conversar e explicar, ficar na altura da criança e falar a língua dela. São atitudes que contribuem para que ela entenda a vida e acredite, ela será mais feliz, menos choro e sofrimento para todos.







Uma cena comum é ver os pais saírem escondidos dos pequenos, estes quando percebem sofrem com a sensação de abandono, gera desconfiança, insegurança, medos, etc. Conte para o pequeno que você vai sair, seja pra onde for: trabalho, passeio, médico... e que ele ficará, diga-lhe que em outro momento você o levará para passear também se for o caso.

Enfim, criança é inteligente sim e tem capacidade de compreender tudo que se faz necessário, independente da sua idade. E tratando-os assim como seres inteligentes, podemos criar adultos mais conscientes e felizes.

Qualquer dúvida, pergunta, comentário, etc. coloco-me a disposição para dialogar.

Indicações de livros: