quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Luto


Luto


Perder uma pessoa muito querida é o mais difícil na vida de um ser humano. Ver partir aquele (a) que parece ser um pedaço de você é uma dor muito profunda, é uma dor dilacerante. Como se rasgasse sua pele sem anestesia. E esta dor dura... dura.... e dura.
Permanece por muito tempo, por toda a existência.
Quem já fez uma cirurgia ou um corte muito profundo ficou com uma cicatriz; costumo comparar a dor do luto com esta cicatriz, a dor da cirurgia ou corte vai diminuindo e com o passar do tempo fica só a marca, mas sempre que você olha ou toca nesta marca, cicatriz, vai se lembrar da causa dela, vai sentir, vai doer. No luto é a mesma coisa, o tempo passa, a dor até diminui, mas nunca nos esquecemos, sempre haverá a marca desta dor horrível.
Sem contar que Junto à dor de perder soma-se a dor da saudade e algumas vezes a dor da culpa, gerando de uma tristeza muito grande até uma depressão.
Alguns conseguem lidar com mais facilidades e outros com mais dificuldades, depende das estruturas de ego. Alguns autores falam que o luto permanece por 1 a dois anos, mas acredito que ele fica para sempre, sendo assim creio que o luto tem seus picos de dificuldades maiores no período de um a dois anos.
No primeiro ano sem o ente querido as dificuldades são maiores porque precisamos superar a falta. Em datas comemorativas a dor se faz presente com mais intensidade que no cotidiano. Por este motivo calcula-se que a cicatrização começa após um ano. Após passar dia das mães, dos pais, páscoa, natal, entre outras datas.
Algumas pessoas levam até dois anos para começar sua cicatrização.
Outras levam muito mais tempo, dependendo do tipo de vinculo e das suas próprias estruturas de ego e seus recursos emocionais. Nestes casos um apoio psicológico se faz necessário.
Procurar entender sobre a morte, dar um significado espiritual para ela, lembrar de bons momentos vividos com a pessoa, ver fotos, falar sobre e chorar são formas de elaborar, ou seja, de acomodar, entender e aceitar o fato.
Voltar à vida, valorizar aqueles que estão por perto, dar novos significados são recursos que contribuem.
Lembro-me de uma jovem que após a morte de seu pai passou a não gostar de natal, pois passar o natal sem o pai era doloroso demais. Neste dia se isolava ou procurava por pessoas que não comemoravam a data. Após o nascimento do primeiro filho o natal passou a ter novo significado, o filho trouxe-lhe de volta a alegria e sentido de vida que tinha perdido. Este exemplo foi citado porque pode servir para percebermos que podemos seguir e é possível ser feliz mesmo faltando um pedacinho que se foi.
Eu acredito que, aquele que partiu, se pudesse escolher, escolheria ver quem ficou, bem.


                                                                                                     Por: Cristina S. Souza
                                                                                                            Psicóloga


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