domingo, 9 de fevereiro de 2014

Crise da meia idade feminina

Crise da meia idade feminina
 E eu nem sabia que já estava dentro dela,

Há um ano me peguei a pensar nas coisas que não fiz. Realizamos em nossas vidas muitas conquistas, desejos, sonhos, atingimos metas. 
Sonhos comuns a uma adolescente ou jovem: casar, ter filhos, ter uma casa, ter um carro, ser uma profissional de sucesso, ser uma boa mãe, ser uma excelente esposa, ser inteligente... e assim vamos construindo nossos sonhos e castelos no ser e no ter.
E chega um dia que nos pegamos a pensar com saudades e com certa melancolia no que não realizamos, até porque para realizar uns sonhos precisamos abrir mão de outros, por exemplo, quando adolescente tinha como um dos meus milhares de sonhos, trabalhar viajando, portanto não seria compatível, dentro dos meus valores na época, com casar e ter filhos. 
Me coloquei a pensar com saudosismo naquela época em que tinha mesmo muitos sonhos e agora me deparo com só alguns realizados e não todos. Surge uma sensação de perda, tristeza e até fracasso. E ao ler a frase “Meia idade é quando você alcança o fim da escada e descobre que ela estava na parede errada”. (Sue Shellenbarger no livro A crise da meia idade feminina) tive mesmo esta sensação, caminhei tanto e parece que não caminhei nada.
Não que seja a parede errada, ou que nada fizemos, ao contrário, veremos mais abaixo que a crise é exatamente porque muito fizemos, pois não podemos deixar de reconhecer tudo que construímos até agora, mas por alguns instantes é esta a sensação que dá, quando lembramos do que não realizamos.

Outro momento crucial é ver o outro envelhecendo, observar que as amigas estão com cabelos brancos, rugas, perceber que os pais estão velhinhos e que as crianças cresceram e são homens e mulheres formados; gera uma sensação no mínimo desconfortante, mas quando começamos a ver que as amigas estão virando avós, ai sim, é o mesmo que olhar no espelho e perceber “estou envelhecendo”.

Um outro sintoma que venho percebendo é a falta de sono, se antes acordava as 10-11 da manhã sempre que podia, hoje as 6hs estou com os olhos abertos e despertos, se antes dormia aos domingos a tarde, hoje estou aqui, escrevendo para vocês, como se não pudesse perder tempo dormindo, e lembro de outras mulheres falando que não conseguem dormir a tarde e acordam cedo, antes não entendia, hoje entendo perfeitamente.
Algumas pessoas associam com a menopausa, mas  não estão ligadas. São momentos e situações diferentes.
Segundo Shellenbarger a meia idade tem inicio no final da década dos trinta anos, mais precisamente por volta dos 40, podendo ser um pouco antes ou depois, relata que frustração, desespero, ressurgimento de paixões e desejos inquietantes, auto-descobertas e renovação são comuns nas histórias de mulheres na meia idade.
Diante de tantas sensações e emoções é comum que nesta fase a mulher tenha algumas explosões e conseqüentemente algumas mudanças de comportamentos. Umas mudanças  podem ser sutis e outras bastante devastadoras.

A autora relata em seu livro, história de mulheres que largaram suas vidas, marido, filhos e saíram a se aventurar pelo mundo, algumas canalizam esta força para os esportes radicais, outras para a arte, outras para paixões; é uma revolta que explode e Shellenbarger define da seguinte forma: “Para mim, esta força vem de uma fonte ainda maior; da surpreendente descoberta de que, na meia idade, muito ainda não foi vivido, de que a vitalidade da alegria, da sexualidade e da auto-descoberta ainda está presente, mais forte e motivadora do que nunca”.

O fato de passar a juventude dedicando-se ao trabalho, a educação dos filhos e vida familiar, a autora compara com luzes de uma discoteca, a energia dessas mulheres é direcionada a vários lugares e elas perdem o foco.
E ao chegar no final da escada entra em crise e explode.

É comum vermos e acompanharmos histórias de mulheres que deixam sua casa e família e vão morar com um novo namorado, ou mulher que pede demissão de um emprego seguro e promissor e vai ser autônoma, monta um negócio ou vai trabalhar com artes, outras começam a escalar montanhas, pular de bung jump, paraquedas, entre outros esportes, ao que a autora chama de desejos explosivos.
O problema é que essas explosões e mudanças drásticas podem ou não atingir a família, depende do quanto a mulher está preparada para viver esta fase. Também ocorrem mudanças de humor, sentimentos e sensações.
Essas crises não têm um tempo definido, pode durar anos.

Mais uma para nós mulheres, como se não bastasse tudo que já temos e vivemos. Mas a crise da meia idade contribui para obtenção de nova consciência de nossos limites e desenvolvemos novas percepções do sentido e da direção para nos guiarmos pelo resto de nossa vida, afirma Shellenbarger.

Às minhas amigas e leitoras do nosso blog que está nesta fase, bem vindas. Não é um momento fácil mas pode ser um momento delicioso. Perceber que mesmo aos 40 ou mais, podemos sim conquistar, vencer, ter SER.... Podemos tudo que quisermos porque somos portadoras de características  únicas e de uma energia sem igual.
Assim somos nós: inteligentes, encantadoras, belas, seguras, experientes, determinadas, conscientes, e muito mais ....
Acredite.


Por Cristina S. Souza
Psicóloga – passando pela crise da meia idade

Livro que recomendo:
Sue Shellenbarger ; “A crise da meia idade feminina e como ela está transformando as mulheres de hoje”;
 Editora Verus; 2010; São Paulo

2 comentários:

Unknown disse...

O que dizer ? Não é muito diferente o universo masculino e vivo exatamente o que foi narrado , transcender esse período nos eleva a um outro nível, e esse é o desafio , para que os movimentos todos que a meia idade nos
propõe , não torne histórias magnificas de realizações e conquista em EXPLOSÕES CATASTRÓFICAS !
Fantástico texto Cris , sincero e verdadeiro .

Unknown disse...

Obrigado Alex, sabemos bem o que é isso tudo.