segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Criança merece ser respeitada

Este final de semana estive observando algumas crianças e conversando com algumas mães. Aniversário da sobrinha, festa na igreja, salão de beleza, enfim, muito material para esta mente pensante.

Respeito... a criança é respeitada? Em suas vontades. Seus desejos? Suas dificuldades? Suas inibições e agitações?

O sonho de todo pai e toda mãe é que o filho(a) seja popular, simpático, converse, abrace, beije, dance e seja educado. Querem os pais que a criança cumprimente os adultos com toda a educação e finesse possível, ou melhor impossível.

Existem alguns tipos de comportamentos observáveis em crianças:

A criança inibida - normalmente a criança inibida se reprime em um canto e não fala, não cumprimenta, não beija, não participa e não sorri pra ninguém. Causa aos pais constrangimentos e principalmente frustração. Ex. A Aninha (nome e situação fictícios) chega na casa da tia com os pais, para um almoço em faíilia, havendo umas 15 pessoas, a mãe chega sorrindo abraça e beija a todos e os parentes após cumprimentar os pais vai falar com a Aninha, ela tímida abaixa a cabeça e não fala com nniguém.
1. A mãe nem percebe ou se percebe não emite nenhum comentário.
2. A mãe ou o pai obrigam a menina a beijar os parentes um por um, e ainda fala que é caipira, não sabem a quem puxou, que não pode ser assim, precisa ter educação e falar com as pessoas e bla...bla...bla.

Acriança agitada - algumas crianças são agitadas, não conseguem parar quietas em um local e não é porque é "mal educada", mas porque há uma agitação interna que faz com que a criança tenha uma necessidade de se movimentar, de andar, mexer, etc. Ex: A Lili (nome e situação ficíicios) tem 5 anos e os pais vão à igreja domingo à noite, a cerimonia dura 2 horas, a Lili não consegue ficar sentadinha durante tanto tempo. Existe duas formas de pais se comportarem:
1. Deixam a Lili se movimentar, andar pela igreja, sentar perto de outras pessoas e a criança consegue gastar suas energias sem incomodar ninguém, os pais por sua vez ficam atentos aos movimentos da menina para que não se machuque e nem incomode ninguém.
2. Os pais da Lili coloca-a sentada no banco e ordena que fique quieta, a menina se mexe e logo vem um "Fique quieta", a menina emite um pequeno som e logo vem um "psiu", a criança começa a ficar irritada e pede água, os pais saem para dar água. Daqui a pouco a Lili quer fazer xixi, e começa a odiar aquele ambiente do qual ela é obrigada a ficar quieta.
Nestes casos incomoda mais os pais dando broncas na criança que a própria criança.

Em casos de crianças agitadas é necessário ter um cuidado especial porque prender não é recomendado mas também deixar sem limite nenhum, é prejudicial a todos, criança, pais e todos que estão por perto.
As vezes os pais precisam ter jogo de cintura para lidar com filhos agitados. Lembro-me que fui na festa de casamento, de uma amiga com a minha filha de 6 anos, na época. Ao chegar no Buffet tudo era muito fino e sofisticado, copos e taças de cristal, assim que sentei na mesa comecei a inventar brincadeiras para que ela ficasse confortável, sem mexer e sem sair do local. Brincamos até ser servido o jantar, logo que vi pessoas se movimentarem no salão liberei para que ela fosse dar umas voltinhas, e assim o fez, dançou, andou, sorriu para algumas pessoas e no fim tudo deu certo.
Durante seu afastamento ficava eu de olho para ver se não mexia em nada e não incomodava ninguém. É necessário que a criança tenha um limite, saiba até onde pode ir, ultarpassar os limites fica perigoso, pois os pais perdem o controle.

A criança natural -  é natrural que a criança faça suas graças e encantamentos em casa, seu ambiente, seu habitat; junto àqueles que ela conhece, ama e se sente amada. É esperado que a criança sinta em seu lar confiança e segurança, fatos que contribuem para suas descobertas, aventuras e gracinhas. Normalmente cercada por pessoas que a amam, que cuidam e lhe ofertam amor, proteção, estimulo e consequentemente a confiança. O problema é que papai/mamãe/vovó querem que os pequenos mostrem para o mundo todas as suas artimanhas, todos os seus feitos e todas as graças que costumam fazer no dia a dia. A criança por sua vez, frente a estranhos ou a conhecidos não muito presentes não tem a segurança de realizar seus feitos, causando grandes frustrações nos adultos que convivem com ela. Ex. Carlinhos (nome e situação fictícios) com dois anos canta e dança "Eu quero tchu... eu quero tcha", em casa, para os pais e vovós. Ao chegar em uma festa os pais querem que o Carlinhos faça sua apresentação para todos os parentes. O menino trava, nem se meche.


Respeitar
Claro que aquela criança linda, que olha para todas as pessoas do mundo com um maravilhoso sorriso no rosto, que fala perfeitamente o português, canta, dança, e conversa é o sonho de todos os pais, avós e tios. Mas uma criança com este perfil é raro. Normalmente a criança se enquadra em uma das situações citadas acima.

Respeitar é entender que a criança tem suas dificuldades, suas limitações, seus limites próprios. A criança, o nome mesmo já fala, é criança e muitas vezes tenta-se transforma-las em minis adultos. Cobrando, exigindo, obrigando a serem e fazerem o que para elas é impossível.

Calma, tudo tem seu momento, sua ora. Aquela criança que nem olha no rosto das pessoas porque tem vergonha, mais tarde, quando crescer mais um pouco, irá falar e se socializar com todos, mas no tempo dela, no ritmo dela.
Aquele(a) agitado, logo saberá conter suas agitações e conseguirá se manter mais quieto, talvez não muito, mas poderá melhorar, com o tempo.

O mais importante é olhar para esta criança, aceitar e respeitar sua condições. Ela é o que é,  sermões, broncas e brigas não irão transforma-las naquilo que o adulto quer.
Diálogo é sempre indicado, em qualquer situação, mas dialogar é bem diferente de cobrar, brigar, xingar , exigir, etc.

Claro que, se a criança tiver comportamentos totalmente fora do esperado, e por esperado reafirmo, desejos sonhos e inspirações dos pais, se forem crianças  que passam de um determinado limite,  da inibição ou  da agitação,  deve ter um cuidado maior. Na dúvida procure uma ajuda, um olhar de parentes próximos e de confiança, o olhar de profissionais da escola que a criança frequenta ou mesmo ajuda de um profissional.

O mais importante é fornecer à criança um ambiente seguro, amoroso e com estímulos para que ela seja ela mesma.

Qualquer dúvida terei o prazer em responder, é só postar aqui ou no facebook. Vamos pensar juntos.



Por: Cristina Silva Souza - Psicóloga

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