terça-feira, 22 de outubro de 2013

A dor de Amar

Lendo o livro "A dor de amar" do psicanalista e psiquiatra J.D. Nasio, achei interessante a classificação que faz e algumas citações sobre esta tão reconhecida dor. Compartilho aqui com o leitor.

"O grito exprime, antes de mais nada, uma dor presente, mas ele volta para os ouvidos do emissor para despertar a lembrança das antigas dores; e para conferir ao objeto que nos faz sofrer o seu cárater hostil".

"Dependentes do objeto de amor escolhido... nós nos expomos à mais forte das dores, se somos desprezados por ele ou se o perdemos por motivo de infidelidade ou de morte"( Freud citado por Nasio).

Quadro Comparativo dos afetos

A DOR                     
É uma reação à perda do amado, à perda do seu amor, à perda da minha integridade corporal, ou ainda à perda da integridade da minha imagem.
O CIÚME
É uma variante da dor psíquica. É a reação a uma suposta perda do amor que o amado me dedicava e que ele desvia para uma rival. O ciúme é um afeto em que se misturam a dor de ter perdido o amor do amado, a integridade da minha imagem narcísica, o ódio contra o meu rival e enfim, as acusações que eu me faço por não ter sabido conservar o meu lugar.

A ANGUSTIA
É uma reação à ameaça de uma eventual perda do ser amado ou do seu amor.
A CULPA
É uma variante da angustia. É uma reação à ameaça de que o ser amado me retire o seu amor, à guisa de castigo por uma falta real ou imaginária que eu cometi ou poderia cometer.
A HUMILHAÇÃO
É um ferimento na imagem que alimento de mim mesmo.
O ÓDIO
É uma reação ao ferimento da minha imagem, provocado pelo outro amado. O ódio é uma mobilização de toda a minha violência para atacar o outro na sua própria imagem. Violência que reabilita a imagem ferida de mim mesmo e me dá consistência: odeio, logo sinto-me ser.



DOR CORPORAL
                        DOR PSÍQUICA OU DOR DE AMAR






·       A lesão esta localizada no corpo
·       A dor é vivida erroneamente, no corpo, mas na verdade ela está no cérebro, quanto à sensação dolorosa, e no eu, quanto à emoção dolorosa.
·       A dor nos parece exterior, e remediável. Ela me incomoda como um mal provisório

Perda do ser amado




·       A lesão está localizada, erroneamente no mundo exterior: desaparecimento da pessoa do amado. Na verdade ela está situada no ponto em que a minha sensibilidade mais intima se arrancou da sensibilidade do outro amado; no ponto em que a minha imagem interior vacila, por falta do suporte que era a sua pessoa; e no ponto em que o meu sistema simbólico falha, por falta do eixo que era o ritmo do nosso casal. A lesão esta no desabamento da fantasia.
·       A dor nos parece interior, absoluta, irremediável e às vezes até necessária. Ela está em mim com a minha substancia vital.

Perda da integridade corporal




·       Gostamos do nosso corpo como o outro mais amado. Ser amputado de uma perna causa a mesma dor atroz interior que perder o ser mais caro. Essa perda exige um verdadeiro trabalho de luto, que nos ensinará a amar o novo corpo desprovido da perna.
·       A lesão que provoca a dor corporal se situa no nível da amputação, mas a lesão que causa dor psíquica se situa em três planos diferentes, semelhantes aos que definem a perda do ser amado: o da sensibilidade (a perna é uma parte do meu todo sensível); a do imaginário (a imagem da ausência da perna muda a imagem do meu corpo); e o do simbólico (a ordem psíquica perde uma das suas maiores referencias, que é a integridade do corpo).



Nasio, J.D; "A dor de amar"; Editora Zahar;
2005; Rio de janeiro.




Por: Cristina Souza - Psicóloga
F: 3976.3838

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