segunda-feira, 20 de maio de 2013

Como alcançar os excluídos






Neste sábado tive a honra de participar de um evento na Igreja Presbiteriana Independente de Cidade Patriarca.
O tema foi: “Como alcançar os excluídos?”.
Fiquei pensando em como abordar um tema desse em uma igreja. Até porque hoje se fala muito na exclusão da igreja aos homossexuais.
Após muita reflexão me vieram três perguntas:
- Porque excluímos?
- Porque filhos, criados dentro da igreja, ou mesmo, filhos criados dentro de regras, valores éticos e morais, se envolvem com drogas?
- Porque os filhos se rebelam contra os pais?

Para responder pensei em três conceitos:
- Sombra
- Excluir  = representar
- Adolescentes x pais
 Antes de entrar nos conceitos, vamos pensar na exclusão. A igreja pode falar que não exclui, mas exclui e também é excluída. Tudo que não é igual tendemos a excluir.
Por excluídos da igreja podemos pensar em:
- dependentes químicos
- homossexuais
- espíritas
- amigos dos filhos, etc.
E estes também excluem a igreja, se excluem entre si.
Dificilmente um espírita aceita visitar uma igreja evangélica, um dependente químico olha uma igreja como se olhasse o próprio diabo, já presenciei cenas assim, participei de um trabalho, o Despertar da Família, que é realizado dentro de uma igreja, e muitos adictos, quando chegavam pela primeira vez ao trabalho e percebia que era uma igreja se recusava a entrar, então excluía a igreja, alguns amigos dos filhos abominam os pais do amigo, sem ao menos conhece-los. E assim vamos vivendo com os grupos se excluindo uns aos outros. E perdendo oportunidade de conhecer e conviver com pessoas maravilhosas. Da mesma forma que acontece com o bullyng, se existe um agressor é porque existe um agredido; se existe um exclusor é porque existe um que se exclui.
Costumamos vestir uma roupinha de moral e ética impecável e vamos apontando para o outro, como se fossemos a verdade absoluta.
Porque estes fenômenos ocorrem?
Sombra
Como o trabalho foi realizado na igreja baseei alguns conceitos segundo Romanos 1. 21 a 32, esta passagem fala do abandono de Deus e tudo que o entristece, que está em nós, humanos. Ex: mentiras, fofocas, julgamentos, relacionamentos sexuais, etc.
Todos nós temos o bem e o mal,  embora alguns colegas não concordem comigo, mas se tenho por um lado: amor, carinho, responsabilidade, afeição, cuidados, empatia, doação, etc.
Por outro lado tenho: raiva, ciúme, mágoa, inveja, inconformismo, rejeição, acusação, etc.
Então tenho o bem e o mal dentro de mim. O problema é que vamos construindo uma identidade que convém, e tentamos mostrar ao mundo esta identidade que construímos. Escondemos de nós mesmo, na tentativa de esconder do outro o que temos de pior.
Somos pecadores. Estamos constantemente em pecado, “não há um sequer que não seja pecador”, e por pecado podemos entender todo nosso lado negativo.
Pegamos nosso mal mais profundo e jogamos pra sombra, quando vira sombra não enxergo. Não percebo, não vejo. Sendo assim, sombra é tudo que não vejo em mim. É uma parte minha que não re-conheço. E é um processo inconsciente, portanto não adianta procurar sua sombra agora.
Mas podemos identificar nossa sombra no outro. O outro pode funcionar como espelho, tudo que o outro faz ou fala que me incomoda, é minha sombra.
Exemplos:
1.      A amiga de Mariazinha acabou de se separar, e está saindo com as amigas, passeando, se arrumando e namorando.  A Mariazinha começa a sentir uma raiva profunda desta amiga e se afasta dela.
Porque? Inconscientemente a Mariazinha gostaria de sair com as amigas, fala que não, porque é casada, tem filhos, mas no fundo seu desejo é sair com as amigas, como a outra está fazendo e ela não, o psiquismo cuida pra que ela tenha raiva da amiga, porque se juntar-se a ela, pode perder o casamento.
  1. O Joãozinho emagreceu 30 kl, está todo sarado. Todos os amigos que estão acima do peso começam a criticar o Joãozinho, ou fazer brincadeiras e comentários. O Joãozinho também está sendo um grande espelho, quando o amigo olha pra ele o que vê é sua própria imagem refletida,  sente raiva porque não consegue emagrecer como o outro, então tenta destruir o amigo com os comportamentos citados.
É assim que reconhecemos uma sombra, tudo que no outro me incomoda, é meu. Por pior que seja, e quanto mais o seu julgamento, maior é sua sombra.

É assim nas exclusões, excluo porque é a pior parte de mim. Seja a igreja excluindo o outro ou o outro excluindo a igreja.

Excluímos porque incluir é a mesma coisa que lidar com o meu pior.
A conseqüência é que a sombra pode engolir, a Mariazinha pode se separar e viver como a amiga, como alguém na igreja pode sair e viver nas drogas, como alguém que está nas drogas pode se tornar um líder religioso. Cenas bem comuns nas nossas convivências.

Precisamos  perceber que antes de olhar o outro, devemos nos olhar e ver que somos o bem e o mal.

O que isso tem haver com nossas questões:

Porque Excluímos???
Porque filhos de Cristãos, que nasceram e foram criados na igreja desde
criança se envolve com drogas?

Porque filhos de Cristãos saem da igreja e vão para o mundo?

Porque quando nego as minhas sombras elas são refletidas no outro. Quando eu aponto o dedinho e falo do irmãozinho que vai á igreja, ou do vizinho, ou do homossexual, ou do dependente químico, da mocinha que engravidou.... é porque estou falando de mim, da minha sombra.
Tudo que no outro me incomoda é minha sombra. Qualquer sentimento que o outro emergir em mim, podendo também ser positivo, é minha sombra.

Então porque excluímos???? Porque olhar o outro, é olhar para mim mesmo, mas o outro é uma parte tão feia de mim que não quero olhar, então excluo. Ignoro.
E quando jogamos pra sombra a sombra pode engolir, vamos negando, jogando para o inconsciente e chega uma hora que esta sombra fica tão grande que nos engole.
Na igreja, nossos jovens pode pegar, por amor e de foram inconsciente, as sombras dele e de todos da igreja e vai pras drogas.


Representar os excluídos

Excluídos no sistema.Por sistemas entendemos: família, empresa, e igreja.

No sistema familiar  ou organizacional ou na igreja,  tendemos a excluir aqueles que não nos agrada, aquele que nos envergonham, que nos aterrorizam.
Ex. tio matou alguém. Tuberculose, câncer, abortos, etc.

Regidos por amor - O maior problema é que os sistemas são regidos por amor. Então se tem amor e tem exclusão, por amor alguém vai  representar este excluído, fazendo igual;

É comum alcoólatra ter pai alcoólatra, avô alcoólatra.

Menina que engravida na adolescência, mãe também a teve na adolescência. Por amor. É inconsciente mas é por amor.

Membros da igreja  excluí pessoas do sistema, aqueles que estão jogados nas drogas, os homossexuais, alcoólatras, adolescentes rebeldes, que falam gírias, que vestem-se com roupas impróprias, que se comportam de formas “inadequadas” segundo o  julgo.
E  as pessoas excluem aquele que vai à igreja, aquele que acredita na Bilbia, aquele que carrega a Bilbia, os “beatos”. Os que crêem na Salvação em Cristo, Crê em Deus.
A exclusão existe na família, no bairro, na igreja e nas ruas.

Mas quando há um excluído há alguém que vai representar estes excluídos.

Jovens que nasceram e cresceram na igreja vão pras drogas, pro mundo, e um homossexual pode passar a ir à igreja e se tornar um líder religioso. Porque? Estão em função de representar os excluídos.

Precisamo incluir, fazer pertencer,  receber, aceitar, cuidar....
Mas antes olhar nossas  próprias sombras.


Adolescentes  x  Pais

O adolescente em algum momento precisa re-afirmar sua identidade, mas para construir sua identidade precisa se separar dos pais. Precisar ser. E toda separação é dolorosa, então para conseguir separar precisa brigar e para brigar o filho vai fazer o que os pais mais abominam.
Se os pais abominam homossexuais o adolescente tende a conviver com amigos homossexuais. Se os pais abominam igreja evangélica, o filho vai se batizar em uma igreja.
É importante que os pais saibam que o filho precisa deste momento de guerra contra os pais para que consiga ser um individuo único.
Os pais portanto, deve orientar, cuidar, mas ter consciência que o filho está crescendo.

Por isso muitos jovens saem da igreja e vão para o mundo e muitos jovens estão no mundo e vão pra igreja, a fim de contrariar os pais.


Como então as igrejas devem agir para incluir?
Está foi a questão levantada.


·        Olhar para os próprios defeitos, tanto como pessoa, individuo, e também como igreja.

·        Olhar o outro com respeito- saber que tem uma história, tem um motivo.

  • Criar empatia a partir deste olhar.

Compreender:

·        Que não é fácil procurar uma igreja                                                       

  • Porque as pessoas procuram a igreja?
  • Como devem ser recebidos na igreja?


Utilizei como referencia a Igreja Presbiteriana Independente de Freguesia do Ó. Uma igreja pequena, com 90 membros, que há bem pouco tempo era relativamente vazia. Hoje na maioria de seus cultos, é necessário colocar cadeiras extras para acomodar tantas pessoas. Em dia de cultos festivos, muitos ficam em pé e até ao lado de fora.
Porque cresceu tanto assim? Porque está incluindo.

Ninguém vai procurar uma igreja porque quer ser salvo ou quer conhecer Jesus. Normalmente as pessoas procuram uma igreja porque está sofrendo. Seja pelo financeiro, pelo relacionamento, filhos, saúde, etc. Conhecer Jesus, é uma conseqüência.
Como na psicoterapia, ninguém faz terapia porque é legal, faz porque está na dor e precisa de ajuda, depois pode até continuar por um longo período porque gosta e se permite este presente.

Mas como a igreja pode incluir?
  • Apoio do(s) Pastor(es)
  • Flexibilidade do Conselho
Na IPI de Freguesia do Ó encontramos este movimento e também muitos outros como:

·        Projeto mãos de amor- que nasceu do sonho da esposa do Pastor, iniciou com 5 membros e hoje tem 20.
  • Grupo de dança- este sonho, nasceu na sala da minha casa e os jovens se envolvem.
  • Coral - qualquer pessoa pode participar, é só comparecer nos ensaios, quem gosta de cantar se realiza. 
  • Reuniões de oração- momento em que pode falar dos problemas e aflições e um intercede pelo outro.
  • Grupo jovem - nasceu do sonho de um casal em levar a arte pra igreja e seu projeto inicial é com crianças de 10 a 100 anos. Todos que querem podem participar do grupo Jovem.
  • Escola Bíblica Dominical - momento em que todos podem perguntar, questionar, dar opiniões, contar de seus exemplos.
  • Teatro: jovens se reúnem pra retratar por meio da representação o tema que será tratado como por exemplo chá de mulheres, dia das mães, etc.
  • Despertar da família –  este é o projeto “menina dos olhos”, recebe todos que necessitam de ajuda com vícios, nasceu de um sonho, enfrentou barreiras,  e já vai completar 19 anos. Tendo Pastores e Presbíteros e outros lideres advindos deste trabalho.
  • Cultos festivos - louvorzão, chá de mulheres, encontro de casais, Festa caipira, Acampadentro, almoço, etc.

É possível fazer pertencer e pertencer. Ninguém é melhor que ninguém e muito menos superior. Seguir os ensinamentos de Jesus, este deveria ser um dos nossos principais foco e com AMOR.


Por: Cristina S. Souza







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